
02 out 2023
Mycoplasma hyopneumoniae: desafio para a suinocultura
As infecções respiratórias são um grande desafio para a suinocultura. Devido à sua alta prevalência global, causam perdas financeiras para o produtor em razão dos gastos com tratamento e vacinação, redução do rendimento e elevação da taxa de mortalidade por infecções secundárias.
O principal causador da Pneumonia Enzoótica Suína (PES) é a Mycoplasma hyopneumoniae. Uma doença respiratória crônica em suínos, e um dos principais patógenos envolvidos no complexo de doença respiratória suína (PRDC).
Esta enfermidade acomete suínos durante a fase de crescimento e terminação, onde apresentam:
- Quadro crônico de tosse não produtiva;
- Redução no ganho de peso;
- Piora na conversão alimentar;
- Aumento da mortalidade durante o período de creche;
- Aumento de custos associados ao tratamento dos animais.
Em infecções experimentais, a tosse pode aparecer até 14 dias após a infecção, atingindo seu ápice aproximadamente em 28 dias após, com diminuição gradual nos dias subsequentes.
A transmissão do patógeno ocorre principalmente por meio do contato direto entre leitões infectados e livres, inclusive entre as fêmeas reprodutoras e sua leitegada.
Ao nascimento, os leitões são livres de M.hyopneumoniae, mas se infectam pelo contato com a porca, caso ela esteja excretando o micro-organismo pela via nasal. Acredita-se que a chance de transmissão do agente entre mãe e filhote aumente em 10% para cada dia em que se prolonga o desmame.
Mycoplasma hyopneumoniae age sobre as mucosas do epitélio respiratório, aderindo-se aos cílios e alterando a frequência dos batimentos, promovendo ciliostase, morte da célula epitelial. Tem a capacidade de modulação da imunidade celular e humoral, além de resultar em uma reação inflamatória exacerbada nos pulmões.
O processo de aderência, que é um pré-requisito para o início da doença, é multifatorial e complexo, e assim como a estimulação de uma reação inflamatória prolongada, a supressão e a modulação das respostas imunes inatas e adaptativas, são passos importantes na colonização e na infecção desse organismo. Como resultado, os animais infectados se tornam mais suscetíveis a infecções por outros patógenos respiratórios, e os sinais clínicos e as lesões pulmonares se tornam mais severas.
O diagnóstico da doença é baseado nos sinais clínicos, avaliação de lesões pulmonares como a consolidação macroscópica na região crânio-ventral do pulmão (Imagem 1; setas), e lesões histológicas que compreendem principalmente hiperplasia de tecido linfoide associado ao brônquios. Apesar de lesões e sinais clínicos característicos, estes não são exclusivos de Mycoplasma hyopneumoniae. Além disso, infecções mistas podem gerar lesões e sinais clínicos menos típicos desta doença.
Atualmente, o controle da PES envolve o monitoramento do patógeno, atenção na biosseguridade, vacinação e uso de antimicrobianos. A vacinação é um ponto chave no controle da doença, uma vez que minimiza sinais clínicos, lesões pulmonares e perda de desempenho.
A Safesui Mycoplasma é uma vacina moderna e excelente alternativa para o controle da PES. A administração da vacina em leitões com idade igual ou superior a 21 dias deve ser realizada na dose de 2 mL por animal, pela via intramuscular, na região do pescoço, em única administração.
A vacinação de fêmeas prenhes, com idade gestacional entre 80 e 90 dias, deve ser realizada por meio da administração da vacina na dose de 2 mL por animal, pela via intramuscular, na região do pescoço, em única administração. Outro esquema de vacinação poderá ser adotado, de acordo com as condições epidemiológicas e a critério do médico-veterinário.
Marina L. Mechler Dreibi
Médica Veterinária, Mestrado e Doutorado com ênfase em sanidade de suínos. Pesquisadora P&D Desenvolvimento Bioanalítico na Ourofino Saúde Animal.