27 abr 2020

Ciprofloxacina e Gentamicina são eficientes para tratamento das mastites em vacas de leite

A mastite bovina é a enfermidade de maior importância nos rebanhos leiteiros de todo mundo. Dentre os prejuízos econômicos decorrentes desse problema, pode-se destacar a redução na produção e qualidade do leite, custos com diagnóstico e tratamento, redução da longevidade dos animais.

Mastite é caracterizada por uma inflamação da glândula mamária causada por bactérias (agentes mais importantes), fungos, leveduras e algas. Essa resposta inflamatória visa à destruição do microrganismo causador, a neutralização de toxinas e a regeneração dos tecidos danificados.

Sabe-se que existem aproximadamente 137 agentes que desencadeiam esse problema da glândula mamária. Segue abaixo os principais agentes identificados isolados por cultura microbiológica de animais com mastite.

 

Diante da importância econômica que a mastite representa para o produtor, a escolha de um protocolo de tratamento eficaz é essencial para rentabilidade das propriedades leiteiras.

A gentamicina é um dos principais antibióticos intramamários utilizados para o tratamento de mastite em vacas leiteiras durante a lactação. Esse grupo de antimicrobianos age inibindo a síntese proteica de agentes Gram-positivos e algumas espécies de Gram-negativos. Os aminoglicosídeos como a gentamicina, agem interferindo na síntese protéica bacteriana promovendo a formação de proteínas defeituosas, alterando a permeabilidade celular, levando à morte da célula bacteriana (SPINOSA, et al., 2011).

Recentemente o ciprofloxacino foi introduzido como alternativa para o tratamento intramamário da mastite em vacas. O mecanismo de ação dessas fluorquinolonas é caracterizado pela inibição da ação da enzima DNA-girase que impede a replicação do DNA bacteriano, levando a lise e ruptura das membranas celulares.

Foi realizada uma análise para avaliar a eficiência da gentamicina e da ciprofloxacina os principais agentes envolvidos na mastite.

Tabela 2. Sensibilidade à gentamicina e à ciprofloxacina de agentes causadores de mastite.

 

Diversos estudos verificam alta sensibilidade de agentes frente à gentamicina e ciprofloxacina

Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus uberis

Figura 1. Taxa de resistência antimicrobiana de Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae, Streptococcus uberis à tetraciclina, oxaciclina, penicilina e ciprofloxacina (Adaptado de Tian XY et al., 2019).

 

Klebsiella sp

Figura 2. Taxa de resistência antimicrobiana de Klebsiella sp à ceftiofur, ciprofloxacina e tetraciclina (Adaptado de Saini et al., 2012).

 

Escherichia coli

Figura 3. Taxa de resistência antimicrobiana de Escherichia coli à estreptomicina, tetraciclina, gentamicina e ciprofloxacina (Adaptado de Obaidat et al., 2018).

 

Staphylococcus aureus

Figura 4. Taxa de resistência antimicrobiana de Staphylococcus aureus à ampicilina, amoxicilina/ácido clavulânico, eritromicina, gentamicina e ciprofloxacina (Adaptado de Grispoldi et al., 2019).

 

Estudos mostram a eficácia da ciprofloxacina e gentamicina no tratamento de mastite clínica

Pesquisas avaliam a eficácia da gentamicina e ciprofloxacina para tratamento de mastites clínicas. Foram utilizados no estudo:

  • 30 vacas das raças Holandesas e Girolando;
  • Animais com mastite clínica (sem tratamento prévio na lactação);
  • Animais foram tratados com cefoperazona sódica (250mg); gentamicina 250mg e ciprofloxacina (100mg), com duas durações de tratamento distintas (Convencional – 3 dias e Estendido – 6 dias);
  • Culturas microbiógicas foram realizadas após o término do tratamento.
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RESULTADOS

Figura 5. Taxa de cura microbiológica de mastites clínicas após tratamento com ciprofloxacina, gentamicina e cefoperazona sódica (Adaptado de Maiolino, 2013).

Nesse estudo não foi observada diferença estatística na taxa de cura microbiológica entre os três grupos. Assim, a gentamicina e a ciprofloxacina mostram-se como excelentes opções para tratamento das mastites clínicas.

Trabalhos evidenciam a eficácia da ciprofloxacina (Ciprolac) no tratamento de mastite por Staphylococcus aureus

Trabalhos mostram a eficácia do Ciprolac para tratamento de mastite subclínica causada por Staphylococcus aureus. Foram utilizados no estudo:

  • 35 vacas da raça Girolando;
  • Staphylococcus aureus foi isolado por cultura microbiológica das amostras de leite;
  • Animais positivos foram tratados com Ciprolac (Ciprofloxacina 100 mg; 1 vez/dia, durante 5 dias);
  • Culturas microbiógicas foram realizadas 14, 21 e 28 dias após o término do tratamento.

 

RESULTADOS

Figura 6. Taxa de cura microbiológica de mastites subclínicas causadas por Staphylococcus aureus, após tratamento com Ciprolac.

Esse estudo evidenciou que a terapia utilizando Ciprolac é uma excelente opção para tratamento de mastites subclínicas causadas por Staphylococcus aureus.

Estudos recentes publicados no Congresso Mundial de Mastite (NMC) confirmam a alta eficiência da ciprofloxacina

Trabalhos recentes compararam a eficácia de dois protocolos de secagem comerciais (Martins CM, 2019). Foram utilizados:

  • 550 vacas da raça Holandesa - 2200 quartos mamários;
  • 7 rebanhos de alto controle sanitário;
  • 2 grupos experimentais

- Protocolo Ourofino: 882 quartos mamários.

- Protocolo Controle: 814 quartos mamários.

  • Protocolos de secagem utilizados:

- Protocolo Ourofino = Ciprolac Vaca Seca (Ciprofloxacina 400 mg) + Sellat (Subnitrato de Bismuto 4 g);

- Controle = Cefalônio 250 mg + Subnitrato de Bismuto 4 g.

  • Culturas microbiológicas foram realizadas na secagem, 7 e 14 dias após o parto.

RESULTADOS

Figura 7. Taxa de cura microbiológica de infecções intramamárias dos quartos tratados com os protocolos (Martins CM, 2019).

 

Figura 8. Taxa de novas infecções pós-parto dos quartos tratados com os protocolos (Martins CM, 2019).

 

  • O protocolo com Ciprolac Vaca Seca e Sellat possui a mesma eficiência de cura microbiológica de infecções intramamárias subclínicas do que o cefalônio anidro e selante de tetos.
  • Animais tratados com Ciprolac Vaca Seca e Sellat apresentaram 35% menos novos casos de mastite nas duas primeiras semanas após o parto.

Segundo os estudos da literatura, a gentamicina e a ciprofloxacina mostram-se com antibióticos eficazes para o tratamento das mastites bovinas de origem bacteriana.

Bruna Guerriro e Fernando Polizel

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