12 fev 2021

A importância da biosseguridade na produção de suínos

O termo biosseguridade é amplamente conhecido quando se fala em produção animal, mas a atenção para esse assunto vem ganhando importância, principalmente pela força do conceito de Saúde Única (One Health). Este conceito visa a redução do uso de antimicrobianos e uso consciente, pensando sempre na saúde e no bem-estar dos animais. Também visa as saúdes humana e pública, com medidas preventivas.

No Brasil, a preocupação com a biosseguridade começou a ser discutida em meados da década de 80, uma vez que empresas de genética iniciaram a transferência de material genético para cá, trazendo o conceito da necessidade de praticar ações de biosseguridade. Nesta mesma época, o Brasil apresentou quadros de PSA, e, somente, com medidas de biosseguridade e adoção de medidas sanitárias, foi possível erradicar a doença do país. Os programas de biosseguridade ganharam mais evidência a partir dos anos 90.

Na suinocultura o conceito de biosseguridade ganhou ainda mais força em 2009 quando houve a pandemia do vírus Influenza (IAV) H1N1, onde se tinha ainda algumas incertezas por parte da Food and Agricultural Organization of the United Nations (FAO) e World Organisation for Animal Health (OIE) sobre o papel do suíno na disseminação da doença. Hoje, já é de comum conhecimento que apesar do suíno apresentar um maior potencial de recombinações do IAV, é o humano o responsável em transmiti-lo ao animal. Em decorrência disso, foi dada prioridade no desenvolvimento de ferramentas, visando o controle de transmissão entre os suínos, granjas, incluindo perdas econômicas.

Outro ponto de destaque ao desenvolvimento de programas de biosseguridade se deve pelo aumento significativo de desafios sanitários virais importantes nos últimos tempos, como o Senecavírus A, vírus da diarreia epidêmica suína (PEDv), Peste Suína Clássica (PSC), Peste Suína Africana (PSA), síndrome reprodutiva e respiratória suína (PRRS) entre outros agentes de grande importância para esta produção. Os desafios mencionados não estão presentes no Brasil, exceto o Senecavírus A, e a manutenção do status de país livre depende exclusivamente de medidas muito bem realizadas relacionadas a um plano de biosseguridade.

Muitos ainda confundem o termo biosseguridade com biossegurança. Apesar de muito parecidos, são utilizados em áreas distintas. Biosseguridade é utilizado em produção animal com o objetivo de adotar medidas destinadas para evitar a entrada de agentes infecciosos nos plantéis e reduzir a sua propagação nas granjas. Biossegurança diz respeito à prevenção da exposição a agentes infecciosos e/ ou produtos capazes de gerar doenças aos seres humanos.

Pensando em transmissão de patógenos e introdução deles em granjas de suínos, pode-se dizer que há inúmeras rotas e que se não cuidadas certamente poderão causar inúmeros prejuízos dentro de uma produção (Figura 1).O conceito de biosseguridade permite que seja evitada.

Figura 1. Rotas de transmissão de doenças dentro e foram da produção de suínos.

Nas tabelas abaixo (Tabelas 1 e 2) é possível verificar quais rotas teriam maior ou menor impacto de introdução ou disseminação de enfermidades dentro da produção de suínos. Estudos demonstram que aerossóis, dejetos, fômites, pássaros, animais domésticos e selvagens, pessoas, água, sêmen, roedores, insetos e ração são rotas importantes de introdução e transmissão de patógenos dentro e entre granjas de granjas. Em um outro estudo realizado pela análise de percepção de produtores de suínos na Espanha, as cinco principais medidas em ordem de relevância para ser reforçada a biosseguridade são: presença de rodolúvio, restrição de visitas, cerca ao redor da granja, animais de reposição (origem e quarentena) e tela nas aberturas para proteção contra pássaros (Casa et al., 2007),sendo a reposição de animais, na percepção deles menos importante que os três (3) primeiros itens reportados.

Um ponto importante a ser implementado, principalmente, em sistemas de múltiplos sítios de produção é definir através de análises epidemiológicas quais desafios cada granja possui no intuito de criar pirâmides sanitárias, contribuindo com menores desafios, pois a mistura de leitões será menor e realizada de acordo com os desafios sanitários em comum (Figura 2).

Para que seja garantido um bom programa de biosseguridade quatro (4) passos são sugeridos para o entendimento e a determinação de um melhor programa para a unidade de produção em questão (Figura 3):

 

Passo 1: avaliação da parte externa da granja e cuidados para entrar na granja (presença de quarentenário, controle de qualidade de insumos, placas entrada da granja comunicando ser uma área restrita / biosseguridade, qualidade da cerca, cuidados no embarque ou chegada dos animais, controle de pessoas, controle de caderno ponto, necessidade de tomar banho, trocar de roupa, entre outros).

Passo 2: avaliação da parte interna da granja e externa aos barracões (controle de roedores, cuidados com ambiente externo, presença de outras espécies animais, entre outros).

Passo 3: observar instalações / baias (qualidade das instalações, ambiência, manejo de limpeza e desinfecção, lotação, condição sanitária do plantel, entre outros).

Passo 4: Observar o indivíduo (verificar qual percentual de desafios e em quais fases de produção estão presentes, no intuito de verificar quais medidas e ações necessárias a serem implementadas pensando em redução de disseminação e/ou potencialização do quadro clínico, bem como impedir a introdução de algum agente ainda não presente).

 

Figura 3. Passos para desenvolver um bom programa de biosseguridade dentro de uma unidade de produção.

 

Tendo todos esses passos avaliados de uma forma bem criteriosa, certamente um bom programa de biosseguridade será desenvolvido, mas é preciso cumprir à risca, revisado frequentemente e adequado de acordo com os novos desafios presentes.

 

Andrea Panzardi

Departamento Técnico Ourofino Saúde Animal

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