20 ago 2019

Manejo de Maternidade

Resumo do artigo

Para obtermos maior rentabilidade em uma fazenda de cria, a preocupação com a sanidade é fundamental. Independente do desafio encontrado na fazenda, devemos estabelecer um protocolo sanitário que contemple todos os gargalos do ciclo produtivo.

Quando falamos sobre uma fazenda de cria, entendemos que para obter uma alta eficiência reprodutiva, as vacas deverão parir um bezerro a cada ano. Porém, para que a atividade seja a mais rentável possível, não basta que apenas a vaca derrube os bezerros no chão, mas que o bezerro sobreviva e que ele tenha o melhor ganho de peso até a desmama.

Podemos pensar no período de maternidade das vacas como uma linha do tempo, que começa na preparação dos animais para a concepção e que se estende até o desmame dos bezerros. Iremos abordar as fases mais importantes neste artigo.

 

Figura 1 - Manejo de maternidade em gado de corte

A princípio devemos estabelecer um calendário sanitário na propriedade que contemple todos os desafios encontrados na fazenda. Como exemplo, podemos citar a vacinação das matrizes e o controle estratégico de verminoses e de carrapatos.

Na certeza que nossas matrizes estão protegidas, chegamos ao momento do parto. É recomendável que as vacas prenhas sejam separadas em um lote no momento do diagnóstico e que este lote se mantenha até após o parto, com o intuito de evitar o estresse pelas interações sociais de dominância. É muito importante que este lote esteja em um piquete maternidade exclusivo em um local calmo da fazenda, longe das áreas com maior atividade (sede, fábrica de ração, estrada, curral, etc.), e que possua alimento em abundância, sombra e água de boa qualidade. Também é importante que se estabeleça uma rotina de inspeção neste piquete com, no mínimo, 2 visitas ao dia: uma pela manhã e outra no final da tarde.

Uma característica dos bovinos é a incapacidade desta espécie de transferir as células do sistema imune para o feto. Ou seja, os bezerros recém-nascidos nascem praticamente sem defesa natural contra infecções. As células de defesa deste bezerro são adquiridas por meio do colostro, uma secreção produzida pela vaca nos primeiros dias após o parto e que possui energia, fatores de crescimento e imunoglobulinas, as células de defesa.

É fundamental que o bezerro mame o mais cedo possível dentro de até 6 horas após o nascimento, pois sua capacidade de absorção do colostro diminui com o passar do tempo. Em alguns casos o bezerro não consegue se alimentar sozinho e, nestes casos, devemos intervir e ajudá-lo a mamar naturalmente seja contendo a vaca no pasto ou conduzindo a vaca até o curral.

Outro gargalo na produção de bezerros é o umbigo. O umbigo representa para o recém-nascido uma porta de entrada para infecções e bicheiras e devemos realizar a queima de preferência no primeiro dia de vida do animal. A queima de umbigo deve ser realizada cortando o cordão umbilical com tesoura limpa e embebendo o umbigo em solução com iodo. Para prevenir as bicheiras que possam se instalar no umbigo, recomendamos a administração de 1 ml de Ivermectina OF via subcutânea e para prevenir uma possível infecção, recomendamos a administração de 1ml de Lactofur (ceftiofur a 10%) via intramuscular.

Uma vez diagnosticado o quadro clínico de infecção no umbigo, devemos abordar a questão de forma diferente. Recomendamos a administração de Lactofur na dose de 1ml/30kg para combater a infecção e a administração de Maxicam 2% (meloxicam a 2%) na dose de 2,5ml/100kg para reduzir os sinais de inflamação, diminuir a febre e melhorar a perfusão do antibiótico.

A questão das diarreias também deve ser motivo de preocupação na maternidade. Elas são comuns e podem atingir até 100% dos bezerros do rebanho. As principais causas são bacterianas (E. coli e Salmonella sp), virais (coronavirus e rotavirus), por protozoários (Eimeria sp) ou verminóticas. A morte por diarreia ocorre principalmente pelo aumento da motilidade intestinal e da consequente perda de líquidos, nutrientes e eletrólitos.

Pensando nisso, a Ourofino desenvolveu o Corta Curso, composto pelo antibiótico doxiciclina e pelo redutor de motilidade benzetimide, ou seja, o Corta Curso age tanto na causa quanto na consequência da diarreia, evitando que os bezerros morram por desidratação.

Já nos casos de diarreia negra ou coccidiose causados pelo protozoário Eimeria sp, devemos utilizar o Isocox Ruminantes, composto por 5% de toltrazuril e que age exclusivamente contra os protozoários, em que os antibióticos não têm ação.

Independente dos desafios encontrados na fazenda, a rotina de inspeção das vacas e dos bezerros deve ser mantida e não deve ser negligenciada. Devemos lembrar que os bezerros são a categoria mais frágil e que ganham mais peso na fazenda e que em alguns casos sofrerão sequelas que permanecerão durante toda a sua vida caso não sejam tratados da maneira correta.

Como não conseguimos melhorar nada que não temos como mensurar, também é fundamental na maternidade o registro de qualquer doença, tratamento ou manejo que os funcionários tenham que realizar. Deste modo, conseguiremos identificar mais facilmente os pontos de melhoria dentro do ciclo produtivo e, consequentemente, melhorar a rentabilidade da fazenda.

Lucas Rizzo Marques e Ingo Mello

Departamento Técnico Ourofino

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