23 jul 2021

Influenza A Vírus em suínos: qual o verdadeiro desafio?

Na da produção de suínos, os desafios respiratórios estão entre os principais desafios, principalmente pelos impactos econômico e de bem-estar que causam nos animais. O Influenza A vírus (IAV) é um agente primário que causa desafios respiratórios não só em suínos, sendo de caráter zoonótico e de grande importância em saúde pública, entretanto não é uma doença de notificação obrigatória pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) por apresentar sinais clínicos leves em suínos.

O suíno, por sua vez, passa um hospedeiro muito importante quando se trata da dinâmica e epidemiologia do vírus, pois ele é a espécie-alvo podendo albergar mais de um subtipo de diferentes espécies, podendo sofrer rearranjos gênicos, onde mutações ou novos sorotipos são formados. Isto só é possível pelo fato do genoma do IAV ser segmentado, permitindo que ele sofra esses rearranjos gênicos, sejam eles em menor (Antigenic Drift) ou maior nível (Antigenic Shift) (Figura 1).

 

Um ponto importante de mencionar é que o homem tem um papel importantíssimo na dinâmica de transmissão do vírus ao suíno, sendo ele o responsável pela inicial.

Pensando no desafio de IAV dentro da produção de suínos, devemos pensar em alguns aspectos, se o rebanho é livre, positivo ou endêmico. Isto faz total diferença na severidade dos sinais clínicos, onde rebanhos livres geralmente apresentam quadros clínicos mais agudos e em positivos ou endêmicos os prejuízos ficam mais em âmbito econômico.

No Brasil os subtipos mais presentes são H1N1pdm09 / H1N2 e H3N2 e diagnóstico do IAV apesar de simples, precisa ser rápido, pois o agente permanece no hospedeiro em torno de 6 a 8 dias, e, posteriormente, não sendo mais detectado. Portanto, em quadros que se suspeite de IAV é importante que as amostras de materiais a serem analisados sejam coletados o mais rápido possível para que se tenha êxito no diagnóstico.

Como sempre, para o processo de diagnóstico devemos selecionar animais em curso clínico agudo do desafio, onde deva apresentar febre, secreção nasal, prostração. Nunca escolha um animal refugo, pois poderá mascarar o agente de fato causal do quadro clínico. Para IAV, a coleta de fluído oral é uma ótima opção, assim como suabe sintético para coleta de secreção nasal através da realização de coleta de suabe de cavidade nasal profundo. Coleta de fragmentos de pulmão à fresco para análises moleculares como RT-PCR bem como fixados em formol à 10% para histopatologia e Imunohistoquímica.

O controle da IAV deve ser feito por boas medidas de biosseguridade externa e interna à granja, e, principalmente, não deixar que colaboradores resfriados e/ou gripados estejam em contato com suínos. Outro ponto importante é a vacinação anual de todos colaboradores que trabalham na granja.

Ainda pensando em controle, o uso de vacinas é uma importante ferramenta de profilaxia, mas, pela facilidade de mutações e/ou rearranjos gênicos, é importante identificar qual subtipo de IAV está presente na granja para que de fato a vacina surta o efeito desejado, uma vez que não há proteção cruzada. Os protocolos vacinais devem ser posicionados estrategicamente de acordo com o momento de maior desafio, portanto ficando muito a caráter de cada granja, o que não permite um padrão único.

Portanto, estas informações passam a ser extremamente importantes para que seja criado um sistema de monitoramento para um melhor controle sobre este grande agente que pelo que temos visto, veio para ficar.

Andrea Panzardi

Departamento Técnico Ourofino Saúde Animal

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