20 mar 2019

A importância da vacinação em suínos

As vacinas de uma maneira geral consistem em uma forma de prevenção da doença propriamente dita, não havendo o impedimento de uma futura infecção da população, ou seja, da circulação do agente propriamente dito dentro de uma unidade de produção. Portanto, o grande objetivo de um protocolo de vacinação em qualquer que seja a espécie é o de desafiar o indivíduo com uma dose controlada de um agente potencialmente patogênico com o objetivo de estimular uma resposta imune no animal vacinado permitindo que ele desencadeie rapidamente o processo de resposta imune e de maneira efetiva a qualquer desafio de campo. Esta resposta imune pode estar relacionada à imunidade de rebanho, bem como em relação a imunidade de indivíduo, por exemplo em vacinas de imunocastração.

O uso de vacinas na suinocultura como medida preventiva se trata de uma prática visando à redução do uso de tratamentos com antimicrobianos, além da redução do risco de comprometimento em seu desempenho produtivo com as doenças para as quais foram imunizados. Para a definição do uso ou não de uma vacina deve-se avaliar minuciosamente o custo da vacina, custo da vacinação (mão de obra, agulhas, seringas etc...), o resultado financeiro gerado a partir da vacinação com a melhora da qualidade da carcaça, redução de condenações, melhora no ganho de peso, redução no uso de tratamentos terapêuticos, aumento da média de leitões nascidos vivos e desmamados por fêmea/ano. Além disso, o risco de um possível surto da enfermidade trazer sérios danos ao desempenho produtivo da granja também deve ser levando em conta nesse momento.

A vacina pode ser viva ou inativada em sua classificação, líquida, congelada e/ou liofilizada em sua forma de apresentação, bem como monovalente, combinada e/ou conjugada. De todas essas definições, em suinocultura as vacinas inativadas, líquidas e monovalentes são a maioria. Aliado a isso, há a necessidade da utilização de um adjuvante com características específicas em vacinas permitindo uma boa resposta imune. Além disso, a via de aplicação da vacina mais utilizada em suínos é a injetável, por via intramuscular.

Aplicação de vacina em suínos

Outra questão de grande importância está relacionada às falhas de vacinação e falhas vacinais, as quais podem estar indireta ou diretamente relacionadas às vacinas, levando a não proteção efetiva dos leitões, fazendo com que eles fiquem sujeitos a possíveis quadros subclínicos e/ou clínicos dos agentes em desafio.

As vacinas devem ser conservadas em refrigerador exclusivo, com termômetro de temperatura máxima e mínima para verificar se não houve extremos de temperatura que possam prejudicar a qualidade das mesmas. Em geral, as vacinas devem ser mantidas em temperaturas entre 2º a 8ºC. Por isso, devem ser mantidas no meio do refrigerador, não devem ser colocadas nas portas, próximas ao freezer ou na parte de inferior. O congelamento pode inativar os microrganismos de vacinas vivas. Nas emulsões oleosas de vacinas inativadas ocorre a quebra da emulsão adjuvante, já nas vacinas aquosas com adjuvante hidróxido de alumínio, ocorre a dissociação do antígeno que é adsorvido no adjuvante. A elevação das temperaturas também é prejudicial, pois pode destruir os antígenos (inativar antígenos vivos) ou ainda romper a emulsão.  Não se recomenda utilizar a mesma agulha para vacinar e retirar vacina do frasco, pois assim contamina-se todo o frasco e se coloca em risco, todas as demais vacinações feitas com o restante daquele frasco. As vacinas jamais devem ficar expostas ao sol. Vacinas devem ser transportadas em caixa de isopor com gelo respeitando-se os limites entre 2º e 8ºC.

Outros pontos que devem ser levados em consideração para um bom efeito de vacinação são: uma boa contenção do animal, a utilização de seringas e agulhas adequadas evitando possíveis abscessos e, consequente, reação local e possível comprometimento da carcaça ao abate e assepsia do local da aplicação.

A utilização de vacinas é uma forma barata e clara de prevenção de inúmeros desafios sanitários auxiliando o bem-estar e contribuindo para um melhor retorno econômico da produção, entretanto a definição de quais vacinas utilizar ficar a critério do produtor com auxílio direto do médico-veterinário, no intuito de avaliar quais desafios estão presentes e que possam trazer algum tipo de prejuízo. Além disso, o futuro será a utilização de vacinas, com o aumento em investimento em tecnologias que permitam conjugá-las o máximo quanto possível, desenvolvendo outras vias de aplicação facilitando o manejo, garantindo eficácia e segurança. Com isso, espera-se que o uso de biológicos aumente de maneira expressiva, e torne-se cada vez mais relevante, principalmente pelo fato da tendência mundial na redução do uso de antimicrobianos.

Andrea Panzardi

Especialista técnica em Biológicos na Ourofino Saúde Animal

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