18 abr 2019

Como reduzir os prejuízos com a cisticercose bovina

Resumo do artigo

A cisticercose bovina é uma parasitose silenciosa e sem diagnóstico. O pecuarista só percebe a doença no rebanho apenas no abate de seus animais durante a inspeção sanitária. Depois de identificada, o prejuízo financeiro é imediato.

 

A cisticercose bovina corresponde a uma parasitose (Cysticercus bovis) que pode estar presente na carne dos animais. Mas, a origem da doença é humana e por isso não podemos descrevê-la sem destacar o importante papel humano na sua disseminação. No homem a forma parasitária é definida como teníase ou solitária (Taenia saginata) presente no intestino infectado, transforma o homem em hospedeiro definitivo. No ciclo biológico clássico, a cisticercose corresponde a fase imatura (Cysticercus bovis) com cistos larvados presentes na carne dos hospedeiros intermediários (bovinos) e a fase adulta, a teníase ou solitária corresponde a fase do parasita presente no intestino humano, onde é capaz de se reproduzir com mais de 700 mil ovos semanalmente. Uma variante perigosa e pouco frequente do ciclo biológico é representada pela fase intermediária ou larval (cistos de cisticercose) na musculatura ou cérebro humano. A cisticercose deve por tanto ser definida como uma zoonose conhecida como “Teníase humana e Cisticercose bovina”.

O Brasil é considerado um país endêmico para o complexo teníase humana/cisticercose bovina e para essa classificação são considerados as condições higiênicas e sanitárias da população rural principalmente, saneamento básico nas áreas de concentração humana e tratamento dos dejetos (cidades, vilas, assentamentos, reservas indígenas e até mesmo presídios) e, por outro lado, o acesso do rebanho as pastagens ou águas contaminadas com dejetos humanos de alto risco contendo ovos de solitária (Taenia saginata). Neste contexto destacamos que o ciclo biológico desta enfermidade se completa em duas fases (Fase humana e Fase animal). A partir da fase humana (teníase) ocorre a contaminação ambiental através das fezes, os ovos no ambiente podem ser viáveis por 12 meses nas pastagens e 20 dias em agua de esgoto.

Após cerca de 45 a 55 dias após a ingestão de ovos, o bovino desenvolverá a cisticercose na carne, que ao ser ingerida por seres humanos, desenvolverá uma solitária, fechando o ciclo. A solitária pode ser encontrada no intestino humano mesmo depois de 10 anos após a ingestão. Estima-se que mundialmente haja mais de 70 milhões de pessoas com teníase/solitária o que possibilita a contaminação ambiental e infecção dos animais mantendo o ciclo biológico sempre atual.

 

Nos bovinos o tratamento mais eficaz é realizado com supressivos de sulfóxido de albendazole a 10% na dose de 2,5mg/kg (Ricobendazole 10 Injetável: 1ml/40kg). A Ourofino Saúde Animal é pioneira e líder nas pesquisas de soluções contra cisticercose bovina. Trabalhos recentes apontam eficácias que podem atingir níveis acima de 98% de acordo com o desafio e protocolo de tratamento adotado.

Os melhores resultados no controle da cisticercose bovina foram alcançados com o protocolo de tratamento utilizando três aplicações de Ricobendazole 10 com intervalos de 30 dias entre as aplicações. O tempo de exposição do animal a tratamentos é fundamental para a maior eficácia. Uma vez que o cisto está visível na carne dos animais, são necessários em média 50 dias para sua calcificação. A calcificação é uma condição dependente da imunidade do animal e decisiva para os critérios de classificação de carcaças durante o abate inspecionado e que consequentemente pode acarretar em prejuízos para o pecuarista.

 

Cisticerco presente na musculatura de bovino. 

Cisticerco presente na musculatura de bovino.

 

 

Protocolo de tratamentos e controle da cisticercose bovina.

Protocolo de tratamentos e controle da cisticercose bovina.

 

Numa simulação com 5% de cisticercose “viva” ao abate o produtor pode receber um desconto médio de 30% sobre a arroba paga pelo frigorífico para cada animal identificado com a doença e muitas vezes perder totalmente o valor do animal destinado a graxaria (Critérios Art. 185, SIF 2018). Considerando o valor da arroba do boi gordo a R$ 155,00 em 03/04/2019, um abate de 100 animais (20@/cada animal = R$ 3.100,00) pode representar um desconto 30% (-R$ 46,50/@) para cada animal o que equivale ao prejuízo de R$ 930,00/boi identificado. Considerando o custo médio de R$ 650,00 para as três aplicações no tratamento do lote de 100 animais, o retorno sobre o investimento (ROI) seria de:

Conclui-se que é viável economicamente o tratamento preventivo dos animais com Ricobendazole 10 utilizando o protocolo de 3 aplicações com intervalos de 30 dias (90,60 e 30 dias antes do abate).

 

Ingo Mello e Lucas Marques

Gerente Técnico Saúde Animal e Analista Técnico Saúde Animal

Tags

Newsletter

Cadastre seu e-mail e receba nossa newsletter.


Deixe o seu comentário