07 nov 2019

Tristeza Parasitária Bovina: como evitar suas perdas?

A pecuária brasileira enfrenta inúmeros desafios sanitários em decorrência à predisposição climática, favorecendo as enfermidades parasitárias e infecciosas. Neste contexto, o carrapato torna-se um dos maiores vilões na criação de bovinos de leite e corte sendo o principal vetor de hemoparasitas causadores de anemias. 

O impacto econômico causado pela anemia por hemoparasitas é de forma indireta, uma das grandes preocupações resultando na diminuição da produção de leite, perda de peso e aumento dos custos com tratamentos e profilaxia. Com prevalência superior a 13% nos rebanhos, a Tristeza Parasitária Bovina (TPB) está relacionada principalmente com alta morbidade e a mortalidade a 36% nos animais anêmicos (doentes) da propriedade. A doença também é conhecida tecnicamente como, piroplasmose, babesiose, anaplasmose, mas popularmente a TPB é chamada de anemia, “Amarelão”, “Boca branca” ou “Tristezinha”. A larva do carrapato (larva infectante) ao picar o hospedeiro, pode através da saliva transmitir dois parasitas que infectam as hemácias (parasitas intracelulares), a Babesia spp e Anaplasma spp. As moscas hematófagas (que se alimentam de sangue) também são potenciais transmissoras de hemoparasitas, principalmente no caso da anaplasmose. Tanto a babesiose quanto a anaplasmose são tratadas ao mesmo tempo por terem diversas características em comum e devido à falta de um diagnóstico específico e preciso nas propriedades. Outros hemoparasitas causadores de anemia em bovinos também são subnotificados, como é o caso do hepatozoon, causando sinais clínicos comuns as demais enfermidades que podem levar a anemia, e por sorte, se curam com o mesmo tratamento.

O diagnóstico preciso pode ser realizado identificando o agente causador de cada doença através de esfregaços sanguíneos, observando a evolução dos sinais clínicos, diferentes períodos de incubação e, principalmente, por hemólise acentuada no caso da babesiose. A Ourofino dispõe de kits para o diagnóstico rápido que geralmente é realizado por uma equipe de consultores técnicos especializados, presente em todo Brasil.

O tratamento para ambas as doenças é geralmente feito ao mesmo tempo, apresentando elevada eficácia e quanto mais rápido o animal doente for identificado e tratado, mais rápida é a sua recuperação e cura clínica. Ao tratar apenas um dos agentes da doença, corremos o risco de ter uma infecção subsequente de maior gravidade por conta do outro hemoparasita. Mas como isso pode ocorrer? Se um animal apresentando ambas as hemoparasitoses, mas apenas sinais clínicos e diagnóstico comprovado para babesiose e, consequentemente, o tratamento apenas com babesicida, o agente da anaplasmose que está presente em menores quantidades, pode posteriormente levar ao óbito do animal sem qualquer manifestação clínica, simplesmente pelo dano que a babesiose causou ao animal anteriormente, impedindo que haja tempo para qualquer ação terapêutica.

Para o tratamento de anaplasmose utilizamos antibióticos à base de oxitetraciclina (Ourotetra LA Plus®), e para babesiose (piroplasmose), diaceturato de diminazeno (Pirofort®), não esquecendo a terapia suporte (soro, hepatoprotetores e, eventualmente, transfusão sanguínea). Estes medicamentos, além de prevenirem, possuem alta eficácia curativa. No entanto, quadros clínicos graves podem comprometer o sucesso do tratamento.

Outro método de controle da doença é feito através da quimiprofilaxia, que consiste em tratar os animais antes da sua exposição ao parasita. Nesse caso, os animais são tratados e posteriormente expostos aos carrapatos e, à medida que a concentração da droga diminua, o animal gradativamente será exposto a uma quantidade crescente de carrapatos contaminados e, assim, desenvolvendo sua imunidade contra as doenças. Para a quimioprofilaxia, é indicado o uso de dipropionato de imidocarb (Enfrent®).

Diagrama ilustrativo da quimioprofilaxia. Fonte: adaptado de Carrapatos na Cadeia Produtiva de Bovinos. Embrapa Gado de Corte, Brasília-DF, 2019.

Fernando Polizel e Marcelo Feckinghaus

Departamento Técnico Ourofino

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