Artigos - Resistência antimicrobiana na suinocultura

24 out 2021

Resistência antimicrobiana na suinocultura

A intensificação dos sistemas de produção de suínos no Brasil e no mundo trouxe consigo alguns entraves, que colocam todos os envolvidos na cadeia produtiva em busca de soluções viáveis para o fornecimento de um alimento seguro. Um dos assuntos amplamente discutidos é a utilização de antimicrobianos na produção animal, onde se acredita que o uso intenso destas moléculas contribui no crescimento indiscriminado da população bacteriana resistente.

O uso de antimicrobianos na suinocultura ocorre de três formas principais: como melhoradores de desempenho (AMD), onde são administrados sob baixas doses e de forma prolongada, e fornecidos através da ração – o que é hoje uma prática bastante contestada e banida em diversos países; com fim profilático e/ou metafilático, utilizado de forma preventiva em determinado estágio da produção e/ou quando há presença diagnosticada do agente dentro do sistema produtivo e uma grande parcela dos animais recebem os ativos dentro de um curto período de tempo; e de forma terapêutica, onde o animal tratado está enfermo e necessita combater a infecção.

Há uma crescente pressão para a redução do uso destas moléculas, principalmente os AMDs, pela possibilidade de indução de resistência cruzada de cepas bacterianas patogênicas em humanos, além de algumas moléculas de grande importância para o uso em quadros de infecções por superbactérias. Das substâncias permitidas para utilização como melhoradores de desempenho, destacam-se os antimicrobianos como a bacitracina e virginiamicina, que estão presentes na lista de moléculas importantes e criticamente importantes para a Medicina Humana, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Abaixo, seguem algumas substâncias atualmente proibidas de serem utilizadas como melhoradores de desempenho (AMD) em suínos:

Tabela 1: Substâncias proibidas de serem utilizadas no Brasil como aditivos melhoradores de desempenho

As principais medidas a serem adotadas a fim de reduzir a utilização de antimicrobianos na produção animal compreendem, principalmente, práticas que forneçam uma ambiência segura e adequada para os animais. As ações que norteiam este cenário englobam uma redução da carga contaminante das instalações, através da realização de vazio sanitário, limpeza e desinfecção, instituição de protocolos contra patógenos críticos, precisão no diagnóstico e qualidade nos tratamentos, de maneira que os animais sejam menos expostos aos agentes patogênicos. Deve-se também construir um perfil imunológico eficiente nos animais, desde a maternidade, por meio de um manejo de colostro adequado, e, posteriormente, através das vacinas. A melhoria da saúde intestinal é outro ponto crucial na busca de um animal saudável, já que é onde ocorre o aproveitamento dos nutrientes que garantirão saúde e ganho de peso. Neste sentido o uso de prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais estão gradativamente ganhando espaço e substituindo os AMDs, além de estarem se mostrando como uma ferramenta eficaz na modulação da microbiota, proporcionando uma eubiose intestinal e, consequente, melhor desempenho dos animais.

O aumento da exigência do mercado consumidor é uma realidade, e o produtor precisa acompanhar essas demandas para permanecer competitivo e dentro dos padrões exigidos de mercado. Ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas é fundamental que os produtores iniciem o quanto antes um plano estratégico de ações preventivas, de modo a garantir um bom programa de biosseguridade, para que o uso de antimicrobianos seja, de fato, uma ferramenta para auxílio pontual e estratégico dentro da produção.

Andrea Panzardi e Marcela da Silva

Especialista técnica em Biológicos e Estagiária departamento técnico em Grandes Animais

Tags

Newsletter

Cadastre seu e-mail e receba nossa newsletter.


Deixe o seu comentário