25 nov 2013

Nutrição de potros

A equideocultura tem evoluído bastante nos últimos anos em todo o mundo, no que se refere na clonagem de equinos e transferência de embrião, acelerando desta forma o melhoramento genético na espécie. Entretanto, no que se refere à nutrição de equinos poucos são os avanços abordando os nutrientes. Muitos pesquisadores avaliam o desenvolvimento de diferentes raças de equinos (CUNNIGHAN e FOWLER, 1961; HEIRD, 1973) e concordam que os equinos alcançam cerca de 80% de sua altura final aos seis meses de idade, época em que se realiza o desmame em muitos haras, sendo que  com 12 meses os potros atingem 90% da altura do animal adulto. Segundo OTT (1979), esse desenvolvimento acelerado dos equinos, exige que os potros tenham um programa nutricional adequado para que possam desenvolver o máximo de seu potencial genético. A nutrição dos potros tem inicio já no útero da égua. É frequente encontrarmos potros recém-nascidos que são fracos ou que apresentam alterações ortopédicas em virtude da má nutrição da mãe quando gestante. No terço final de gestação é o momento onde ocorre cerca de 70% do desenvolvimento do feto (o potro pode chegar a ganhar até 500g por dia), aumentando assim as necessidades nutricionais da égua gestante. O NRC (2007) relata como uma das falhas mais comuns, responsáveis pelas doenças ortopédicas do desenvolvimento (DOD) ao nascimento, a deficiência de ingestão de proteína pela égua prenha e seu acesso a dietas balanceadas em cálcio e fosforo. Para garantir que o potro esteja recebendo uma nutrição adequada nestes períodos, é fundamental que a égua seja alimentada com ração balanceada com 15% de Proteína Bruta, além de volumoso de boa qualidade fornecido à vontade. Mesmo assim, o leite materno garante a nutrição do potro somente até o segundo ou terceiro mês de vida. A partir deste período a égua tem sua produção de leite diminuída e, ao mesmo tempo, o potro tem suas exigências aumentadas, o que significa que uma suplementação com ração balanceada deve ser realizada. O ideal é que a suplementação seja feita com ração comercial específica para potros, contendo em torno de 18 a 20% de Proteína Bruta e um balanço de Cálcio e Fósforo dispostos na proporção de 2:1. Durante os três primeiros meses da lactação da égua os cuidados com sua alimentação deverão ser priorizados em relação aos dos potros, pois se ela for alimentada corretamente ira fornecer os nutrientes necessários para o desenvolvimento do potro durante essa fase de sua vida. OTT (1986); FRAPE (1992) e MEYER (1995) recomendam a suplementação dos potros a partir dos dois a três meses de idade para complementar a dieta de leite. O NRC (2007) também recomenda a suplementação dos potros entre 2-3 meses com o sistema creep feeding visando manter o crescimento durante o aleitamento e para minimizar a perda de peso que ocorre após o desmame. O creep feeding é um tipo de instalação construída no piquete das éguas paridas onde somente o potro tem acesso a uma ração concentrada. Recomenda-se que o potro chegue aos 5 meses de idade recebendo em torno de 0,8 a 1 % do peso vivo de ração balanceada ao dia, dividido em dois tratos, pois isto permitirá que o potro chegue à fase de desmame com um estado físico ideal para suportar o estresse. O consumo deve ser aumentado gradativamente de forma que aos 12 meses de idade atinja 1% do peso vivo ao dia de ração. A suplementação se torna ainda mais importante pelo fato do potro não conseguir digerir eficientemente a fibra, pois não possui o ceco totalmente funcional, o que significa que o volumoso que é consumido pelo potro não é 100% aproveitado, fazendo indispensável o fornecimento do concentrado. Independente disto é imprescindível que a pastagem esteja de boa qualidade e o sal mineral balanceado específico para equinos deve ser fornecido à vontade para o consumo dos potros. O período do desmame, que normalmente é realizado entre o quinto e sexto mês de vida do potro, é uma fase de transição muito crítica, pois a separação da mãe é sempre estressante para o animal. Este estresse induzido pelo desmame promove um aumento na concentração plasmática do cortisol e diminui a resposta imune do potro por até 40 horas, além de diminuir o consumo alimentar, o que aumenta muito a susceptibilidade a doenças infecciosas (diarréias, pneumonias, etc.) e úlceras gástricas. Nesta fase, o estresse acaba sendo fisiológico no animal, deixando-o muito mais vulnerável às doenças. Por isso, é fundamental que as mudanças no manejo do potro neste período sejam as menores possíveis, para diminuir ainda mais estas tendências. O desmame mais adequado é aquele em que são retiradas as éguas do lote, uma de cada vez, restando apenas os potros. Procedendo desta forma, o estresse é menor, e o potro acaba sentindo a falta da mãe apenas nos três primeiros dias. Além disso, é recomendado iniciar o fornecimento da ração desde a fase de amamentação, e não prender os potros nesta fase em hipótese alguma, pois potros que estão acostumados a viver sempre soltos com outros potros e éguas, quando se veem sozinhos sem a mãe e outros animais, ficam extremamente estressados, apresentando maior tendência a se machucar e desenvolver doenças. O desmame não é recomendado em cocheira mesmo quando feito em lotes, pois o estresse ocasionado sempre é maior que o realizado ao pasto. É normal neste período que os potros percam peso e/ou estacionem em altura. Isto ocorre porque o próprio estresse promove perda de apetite e diminui a taxa de crescimento, mas logo após 20 a 30 dias inicia-se a fase de ganho de peso compensatório, em que o animal retorna seu crescimento normalmente. E muito importante enfatizar que neste período de vida, os potros não devem apresentar excesso de peso, pois isso prejudica as articulações, mesmo porque excesso de energia na dieta desses animais acelera a taxa de crescimento, ocasionando Doenças Ortopédicas do Desenvolvimento. Os potros que apresentarem distúrbios ortopédicos, bem como possuírem uma taxa de crescimento muito acelerado, devem receber metade da recomendação diária de ração ou em casos graves, não serem suplementados até minimizar os problemas. O pasto verde e de qualidade é essencial neste período, mas devemos ter cautela na utilização da alfafa, onde esta é recomenda após os 10 meses de idade, pois antes disso favorece o aparecimento das DOD. O sal mineral é recomendado em torno de 30 gramas por animal por dia, e é indispensável neste período, para que o cumprimento das exigências minerais especificadas a esta categoria seja alcançado. A taxa de crescimento a partir dos 12 meses de idade diminui consideravelmente, o que significa que a concentração dos nutrientes exigida no programa alimentar destes animais é menor, e por isso, o índice de distúrbios ortopédicos (DOD) é bem mais baixo. Além do que, a partir desta idade os animais conseguem ter maior aproveitamento e absorção dos nutrientes oriundos das fibras do capim, pois o funcionamento da câmara de fermentação (ceco) é maior o que as dos animais desmamados. Por isso, nesta fase a porção volumosa da dieta é maior. Os potros devem ficar em pastagens de boa qualidade, e podem também receber feno de alfafa. A ração comercial ainda precisa ser específica para potros até que os animais completem 18 meses de idade, sendo fornecida de 1,2 a 1,5% do peso vivo por dia, sendo dividido em dois ou três tratos ao dia. O sal mineral é recomendado na quantidade de 40 gramas por animal por dia. Caso os animais iniciem o treinamento, é importante verificar a taxa de energia fornecida pela ração. Para potros em fase de crescimento, éguas gestantes ou em fase de lactação assim como animais em fase de recuperação de doenças a Ourofino conta com os Suplementos Superforte Equinos e Metacell.

Superforte Equinos contém aminoácidos e minerais. É recomendado para a prevenção da carência de vitaminas C e do complexo B.

Metacell é um suplemento composto por vitaminas e minerais. É indicado para animais em trabalho e estado de convalescença.  

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUNNINGHAN, K., FOWLER, S.H. 1961. A study of growth and development in quarter horse. Ithaca, Cornell University Agricultural Experimental Station. 546p. FRAPE, D. 1992. Nutrición y alimentación del caballo. Zaragoza: Acríbia. 404p. HEIRD, J.C. Growth parameters in Quarter Horse In: EQUINE NUTRITION PHYSIOLOGY SYMPOSIUM, 3, Ithaca, 1973. Proceedings... Ithaca: 1973. p.81. MEYER, H. 1995. Alimentação de cavalos. São Paulo: Varela. 303p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC, Nutrient requeriments of horses. 6ªed. Washington: National Academy Press, 2007. 341p. OTT, E.A. 1979. Nutrition of breeding darm horse. Can. Horse Mag., 40(1):36-45. OTT, E.A. Alimentação de eqüinos - Nutrientes requeridos, fontes e cuidados especiais. In: ENCON TRO NACIONAL DE EQUIDEOCULTURA, 4, 1986, São Paulo. Anais... São Paulo. 1986. p.8. 

Filipe Aureliano Pedrosa Soares

Médico Veterinário e Vendedor Técnico Linha Equinos Ourofino

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