Artigos - Mycoplasma hyopneumoniae: um desafio antigo na suinocultura

20 set 2021

Mycoplasma hyopneumoniae: um desafio antigo na suinocultura

O Mycoplasma hyopneumoniae (M.hyo) é um agente primário com característica de ser um agente crônico e que abre portas para diversos agentes secundários dentro da produção, levando ao comprometimento produtivo e gerando grande prejuízo econômico. A infecção causa uma broncopneumonia crônica com tosse seca e não produtiva e afeta animais de todas as idades, principalmente nas fases de crescimento e terminação. As adesinas são responsáveis pela aderência do M.hyo nas células epiteliais ciliadas do trato respiratório e que esta aderência está fortemente relacionada à interação entre as adesinas P97, P102 e P159.

A mortalidade dos animais infectados por M.hyo é baixa, porém o agente causa uma imunossupressão no trato respiratório, facilitando a infecção por outros patógenos, ocasionando perdas econômicas significativas, incluindo possíveis mortalidades de animais devido às coinfecções.

A transmissão de M.hyo pode ocorrer de forma direta (vertical ou horizontal), ou indiretamente. No entanto, a presença de matrizes no plantel excretando o patógeno tem importância significativa na dinâmica de infecção do agente, já que podem perpetuar a infecção nas granjas ou até mesmo colonizar leitões no período de lactação. Embora seja possível a presença de porcas positivas para MH ao parto, as leitoas representam a categoria mais importante na transmissão vertical do agente, pois apresentam menor imunidade e eliminam a bactéria com maior frequência, em torno de 92% quando comparadas às matrizes mais velhas, em torno de 20%.

Isto passa a ser ainda mais importante, pois leitões que desmamam positivos, além de já serem uma fonte de infecção e disseminação do agente, apresentam 5x mais chance de apresentarem lesões mais severas ao abate. Além disso, caso esses leitões positivos apresentarem um número de variantes de M.hyo grande também pode contribuir com a severidade de lesões.

Um ponto que não era observado e que atualmente já é muito discutido é em relação à variabilidade genética do M.hyo. Antigamente acreditava-se que o M.hyo era um único agente. Entretanto, já se sabe que há diversas variantes e que a proteção de algumas não são efetivas para outras, principalmente se forem variantes de baixa patogenicidade.

As vacinas, atualmente, presentes no mercado auxiliam a redução dos quadros clínicos e transmissão, entretanto não impedem a colonização do trato respiratório, sendo elas oriundas de isolados muito antigos de campo e algumas delas oriundas de variantes não muito patogênicas, o que talvez possa, em partes, explicar um pouco deste alto desafio presente em granjas na atualidade.

Andrea Panzardi

Especialista Técnica da Ourofino Saúde Animal

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