Artigos - A importância do controle efetivo da sarna suína

25 abr 2016

A importância do controle efetivo da sarna suína

A sarna ou escabiose é uma ectoparasitose cosmopolita causada pelos ácaros Demodex phylloides, conhecido popularmente como ácaro folicular, sendo sua infestação mais rara ou Sarcoptes scabiei, conhecido também como ácaro da sarna, sendo sua incidência mais frequente.

Devido à evolução observada nos protocolos sanitários da suinocultura moderna, principalmente pela adoção de medidas profiláticas por meio do uso dos ectoparasiticidas, as infestações foram drasticamente reduzidas, porém ainda há relatos de casos em granjas e registros de descartes parciais ou totais de carcaças em frigoríficos devido à ocorrência de sarna. Animais de algumas granjas registraram a presença do ácaro mesmo com o tratamento em curso, indicando erros de manejo, tratamento incorreto dos animais ou higiene inadequada das granjas (SUINOCULTURA INDUSTRIAL, 2002).

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de março de 2015 a março de 2016, em média 0,77% das carcaças suínas condenadas total ou parcialmente no país foram diagnosticadas com sarna. Do total de descarte de carcaças (totais ou parciais) do estado de Santa Catarina, neste mesmo período, cerca de 2% se deram devido ocorrência de sarna, o maior valor observado por unidade federativa.


Tabela 1: Condenação (total ou parcial) de carcaças suínas por unidade federativa, devido ocorrência de sarna.


Tabela 2: Total de carcaças suínas condenadas (total ou parcialmente) por unidade federativa.


Fonte: Adaptado de MAPA, 2016.
Gráfico 1: Porcentagem de carcaças suínas condenadas (total ou parcialmente) em relação ao total de condenações por unidade federativa, devido ocorrência de sarna.

Patogenia e sinais clínicos

Reações do hospedeiro ocorrem em resposta a atividade de alimentação e escavação dos ácaros e aos seus depósitos fecais de forma progressiva por 3 semanas na infecção inicial. As lesões podem ocorrer por todo o corpo, porém são mais encontradas em regiões onde os pelos são mais finos como na cabeça, por exemplo. A infestação dissemina-se rapidamente a partir das lesões iniciais, ocasionando sarna mais generalizada. O foco primário mais comum é nas orelhas, por onde há disseminação principalmente para dorso, flancos e abdomen. O sinal clínico característico é o prurido constante, sendo também comuns erupções papulares com eritema, perda de pelos e pele espessa e crostosa com presença de exsudato e possível infecção secundária decorrente dos danos ocasionados pelo prurido. As áreas de descamação ao redor da margem das lesões indicam a disseminação dos ácaros. Em casos mais graves, há inapetência, perda de peso, perda de audição, cegueira e exaustão. (TAYLOR; COOP; WALL, 2010).

Epidemiologia

A sarna é disseminada rapidamente pelo contato direto dos suínos, porém pode ser transmitida indiretamente por meio de pessoas, material de limpeza, alimentos, veículos de transporte ou instalações contaminadas. Nas granjas, os animais com lesões crônicas constituem a principal fonte de infestação por conterem maior número de ácaros. Este tipo de lesão está presente principalmente em fêmeas multíparas e estão localizadas geralmente no interior do canal auditivo, entretanto também pode haver lesões hiperceratóticas extensas no corpo e membros anteriores dos animais. Os machos também merecem grande atenção como veiculares, devido ao grande contato com as fêmeas (SOBESTIANSKY; BARCELLOS; MORES; CARVALHO; OLIVEIRA, 2001).

Diagnóstico

O diagnóstico da sarna sarcóptica suína pode ser realizado com base nos sinais clínicos característicos e na visualização das lesões. A presença do ácaro em raspados de pele, principalmente do pavilhão auricular, confirma o diagnóstico (SOBESTIANSKY; BARCELLOS, 2007).
 Lippke et al. (2009), relataram que no frigorífico o exame da pele pode ser realizado na carcaça após a escaldagem e retirada das cerdas e antes ou após a evisceração. Classificando-se em:

Grau 0: Sarna negativo – Pele normal;
Grau 1: Sarna leve – Pele com várias lesões sugestivas de sarna sarcóptica. As lesões de Grau 1 podem facilmente ser confundidas com hipersensibilidade de outra origem (insetos, produtos químicos, calor, entre outros);
Grau 2: Sarna moderada – Lesões difusas na cabeça, dorso, abdômen e membros;
Grau 3: Sarna severa – Lesões generalizadas e de alta densidade.

Controle

A sarna sarcóptica representa um grande impacto econômico nas granjas, tendo em vista além da redução do desempenho dos animais, a necessidade de repetição dos tratamentos. Falhas no tratamento ocorrem pelo desconhecimento da epidemiologia da doença ou pelo fato do produtor não relacionar eventuais perdas econômicas à sarna sarcóptica ou ao uso incorreto de sarnicidas. A sarna sarcóptica é uma doença de rebanho e, portanto deve ser tratada como tal. O tratamento individual é antieconômico porque é praticamente impossível identificar clinicamente e eliminar os portadores assintomáticos (SOBESTIANSKY; BARCELLOS, 2007).

Esta parasitose é controlada com aplicação de produtos sarnicidas e com a quarentena dos animais de reposição introduzidos na criação. O sarnicida pode ser aplicado por via injetável, por via oral (ração), por aplicação sobre a pele com produtos pour on (ao longo do dorso) ou pulverizando todos os animais, exceto os leitões que são tratados, às vezes, por imersão. Antes da aplicação do acaricida, as instalações devem ser completamente limpas com detergente (BONETT; MONTICELLI, 1998).

Os principais ectoparasiticidas utilizados são: amitraz, cipermetrina, citronelal, clorpirifós, crotoxifós, fenclorfós, fenvalerate, ivermectina, lindame, metoxiclor, permetrina, fosmet, toxaphene (FOREYT, 2005).

O Colosso Pulverização é um produto com a garantia de qualidade Ourofino a base de Cipermetrina, Clorpirifós e Citronelal, indicado para uso em pulverização ou banho de imersão no combate de ectoparasitas como Sarcoptes scabiei var. suis – adultos.  A associação destes 3 princípios ativos de ação sinérgica confere ao Colosso alta atividade inseticida (sinergismo, até 100%), alta ação desalojante (ambos ativos), baixa resistência (sinergismo) e ação repelente. O produto deve ser diluído em água limpa obedecendo à dosagem de 1L de Colosso para 400 litros de água e deve ser utilizado em quantidade suficiente para molhar todo o corpo do animal, ou seja, de 400 a 500 mL por animal adulto. O período de carência para abate de suínos é de 10 dias após a aplicação.

A Ivermectina Premix para suínos é um endectocida avançado, de amplo espectro de ação, indicado para o tratamento e controle dos parasitas internos e externos dos suínos. É mais largamente empregado para o combate de endoparasitas, porém seu uso constante é eficaz também no controle da sarna. Este produto deve ser administrado por via oral, misturado à ração dos suínos, na dosagem de 0,1 mg por kg de peso vivo, por dia, durante 7 dias consecutivos. A ração com a Ivermectina Premix pode ser transformada em pellets.

A Ourofino fornece também a seus clientes, o  Voss Vital, Ivermectina injetável, que deve ser aplicada pela via subcutânea, na dosagem de 1 mL para cada 33 kg de peso corporal.


Figura 1. Soluções Ourofino para combate à sarna em suinocultura.

 

Referências:

BONETT, L. P.; MONTICELLI, C. J.. SUÍNOS: O produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília: Embrapa Produção de Informação, 1998. 243 p.

FOREYT, W. J. Parasitologia Veterinária: Manual de Referência. São Paulo: Roca, 2005. 238 p.

LIPPKE, R. T.; KUMMER, R.; MARQUES, B. M. F. P. e P.; MORES, T. J.; GONÇALVES, M. A. D.; BARCELLOS, D. E. S. N.. Monitoria sanitária em suinocultura. 2009. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/actavet/37-suple-1/suinos-15.pdf>. Acesso em: 06 abr. 2016.

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Condenação de Animais por Espécie e por UF. 2016. Disponível em: < sigsif.agricultura.gov.br/sigsif_cons/!sigsif.ap_condenacao_especie_rep_cons>. Acesso em: 12 abr. 2016.

PAIVA, D. P.; MORÉS, N.; BARIONI JÚNIOR, W.; COSTA, O. A. D.; SOBESTIANSKI, J.; AMARAL, A. L. do. Fatores de risco associados à ocorrência de sarna sarcóptica e prevalência em suínos nas fases de crescimento e terminação, na região Sul do Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v. 33, n. 4, p.731-736, 2003.

SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D.. Doenças dos Suínos. Goiânia: Cânone Editorial, 2007. 768 p.

SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D.; MORES, N.; CARVALHO, L. F.; OLIVEIRA, S. de. Clínica e Patologia Suína. Goiânia: Gráfica Art3, 2001. 464 p.

 SUINOCULTURA INDUSTRIAL. Sarna requer controle. 2002. Disponível em: <http://www.suinoculturaindustrial.com.br/noticia/sarna-requer-controle/20020902163302_02513>. Acesso em: 06 abr. 2016.

TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L. Parasitologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 742 p.

Raphael Perini Caetano

Estagiário Departamento Técnico Aves & Suínos

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