Artigos - Entenda a tristeza parasitária bovina

01 dez 2017

Entenda a tristeza parasitária bovina

Com a mudança da estação do ano, ocorre também uma alteração drástica no cenário do campo. A  chuva traz de volta as pastagens, mas também aumenta de forma significativa a infestação por carrapatos. Esses pequenos parasitas causam preocupação para os produtores, pois provocam perdas econômicas significativas. Tais perdas podem até acarretar em óbitos, decorrentes da transmissão da tristeza parasitária bovina. Os nomes associados a este problema são diversos. Os mais comuns são tristeza parasitária, amarelão ou tristezinha.

Essa enfermidade é causada pela transmissão de dois parasitas intracelulares obrigatórios, a Babesia ssp. e o Anaplasma ssp. A forma mais comum de transmissão se dá pela picada do carrapato que, por meio da saliva contendo os parasitas, infecta o animal. Ainda, é importante lembrar que insetos hematófagos como as moscas, representam um papel importante na transmissão, especialmente de Anaplasma. Como forma de evitar mais prejuízos, nunca se deve tratar apenas um dos parasitas do complexo da tristeza parasitária, embora seja relativamente fácil a determinação do agente principal que esteja causando o problema (por exemplo realizando o esfregaço sanguíneo ou reconhecendo as diferenças entre os sinais clínicos - período de incubação diferente e hemólise mais pronunciada no caso da babesiose em comparação à anaplasmose).

O tratamento de apenas  um dos agentes possibilita a infecção muito mais avassaladora por parte do outro. Exemplo: se temos uma infecção em que 95% dos parasitas são babésias e apenas 5% de anaplasmas, obviamente os sinais clínicos e diagnósticos laboratoriais nos levam ao tratamento de babesias, mas se não tratarmos a infecção por anaplasma, poderemos até mesmo observar o óbito do animal sem, no entanto, a exteriorização de qualquer sinal clinico de anaplasmose, pelo simples fato da debilidade causada pela babesia ter fragilizados o animal de tal forma que, quando a infecção por anaplasma surgir, seja tarde para qualquer medida terapêutica.

O tratamento consiste na utilização de oxitetraciclina (Ourotetra LA Plus®) para tratamento de anaplasmose, associado ao diaceturato de diminazeno (Pirofort®) para o combater a babesia. No entanto, é importante lembrar que os quadros clínicos graves podem comprometer o processo de recuperação e até mesmo a eficácia do tratamento. Outro ponto importante, mas muitas vezes esquecido, é a utilização de terapia suporte para os animais acometidos. É necessário utilizar soluções que visem a reposição de eletrólitos por via sistêmica.

Marcelo Feckinghaus, Marcel Onizuka e Pietro Massari, departamento Técnico da Ourofino Saúde Animal

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