Artigos - Diarreia negra na cria: uma bomba relógio para a desmama

20 set 2021

Diarreia negra na cria: uma bomba relógio para a desmama

As primeiras semanas de vida de um bezerro são fundamentais para a adaptação neonatal. A maturação de diversos tecidos como o sistema nervoso e digestório, por exemplo, é marcante nas primeiras semanas de vida, tornando os bezerros mais susceptíveis as infecções neste período. Através do colostro e do bom manejo sanitário de nascimento é possível garantir que durante as primeiras semanas o bezerro será mais resistente às infecções neonatais como diarreias, meningites, pneumonias e infecções de umbigo. A partir da terceira semana de vida os bezerros exploram com mais intensidade o ambiente, iniciam o pastejo e bebem água com maior frequência (Figura 1), esse comportamento permite maior contato com muitos parasitas e microrganismos causadores de enfermidades, trazendo riscos à saúde do animal.

Relação entre ingestão hídrica x eimeriose

Figura 1: O aumento da ingestão hídrica impulsiona a infecção com oocistos de eimeria, após o Período Pré-patente de 15 a 20 dias é possível detectar oocistos nas fezes dos animais e manifestações clínicas da doença.

Nesta fase, o contato dos bezerros com água contaminada por oocistos de eimeria (coccídeos) pode provocar infecções causadoras de diarreias, que se manifestam clinicamente em bezerros principalmente ao redor dos 40 a 90 dias de vida. Sendo assim, a eimeriose pode se manifestar com diarreia leve em cerca de 20% dos bezerros, sendo mais grave e com sangue (diarreia negra) em 5% dos bezerros acometidos. Geralmente os bezerros passam semanas com diarreia intermitente em diferentes graus, e em alguns casos pode se agravar enfraquecendo os animais até a morte. As lesões intestinais provocadas pela eimeriose variam bastante e muitas vezes são irreversíveis. Extensas áreas afetadas podem reduzir a capacidade digestiva, comprometendo a digestibilidade dos alimentos e aumentando a vulnerabilidade para outras infecções. Garantir a saúde intestinal dos bezerros é a principal maneira de proteção para esta fase tão importante de adaptação e controle da doença. Bezerros com melhor saúde intestinal resistem a coccidiose e outros tipos de diarreias permitindo melhor desempenho no ganho de peso e no desenvolvimento corporal. Os bezerros que apresentaram a doença na fase de cria manifestam ganho de peso inferior quando comparados aos bezerros sadios, podendo chegar a até -18 kg de atraso ponderal (Figura 2).

Após a manifestação da diarreia negra ocorrem lesões e atraso no ganho de peso

Figura 2: Após a manifestação clínica da eimeriose/coccidiose/diarreias (diarreia negra) ocorrem lesões e atraso no ganho de peso.

É possível que muitos animais apresentem oocistos nas fezes, mesmo depois de adultos, mesmo não havendo manifestações clínicas, o que dissemina a doença pelo rebanho causando prejuízos. É fundamental prevenir a diarreia por coccidiose/eimeriose (Figura 3).

Protocolo Isocox Ruminantes

Figura 3: Sugestão de protocolos para prevenção, controle e tratamento da eimeriose.

 

Ingo Mello

Especialista Técnico em Saúde Animal da Ourofino Saúde Animal

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