Artigos - BERNE: É PRECISO ENTENDER PARA CONTROLAR

07 mar 2017

BERNE: É PRECISO ENTENDER PARA CONTROLAR

Estamos em uma época do ano em que as chuvas e a temperatura elevada aumentam a incidência das doenças parasitárias, principalmente as infestações por moscas. Quando o desafio por moscas aumenta, doenças como o berne podem se tornar frequentemente observadas.

O berne é uma doença provocada pela fase larvar da mosca Dermatobia hominis. Esta fase de vida do parasito é biontófoga, ou seja, se alimenta de tecidos vivos. Além disso, é um parasito de baixa especificidade, o que significa que é possível observar berne em mamíferos de forma geral o que constitui um dos fatores que tornam muito difícil a erradicação do berne de uma propriedade (TAYLOR et al., 2010).

O berne é classificado como um tipo de miíase cutânea primária, também conhecida como miíase furuncular, e não precisa de uma lesão prévia para acontecer. Após a penetração da larva no organismo do animal forma-se uma lesão de aparência nodular e algumas vezes associam-se processos infecciosos secundários o que pode piorar o quadro da doença (TAYLOR et al., 2010).

Os prejuízos causados pelo berne estão associados à dor e ao estresse que a movimentação das larvas que estão dentro das lesões causam nos animais. Esse estresse pode provocar prejuízos diretos (relacionados à redução na produtividade) e indiretos (manejos e custos com tratamentos adicionais). Ademais, a indústria do couro pode ser diretamente prejudicada por não conseguir trabalhar com uma matéria-prima de qualidade (GRISI et al., 2014).

Normalmente a mosca do berne habita locais próximos a matas fechadas ou próximas a morros e serras, visto que o número de animais silvestres que podem servir como hospedeiros é maior (LEITE et al., 2010). O ciclo do berne está ilustrado abaixo:

 

Os adultos da Dermatobia hominis capturam outros dípteros (vetores) e depositam seus ovos nestes. Quando os vetores pousam sobre os mamíferos, as larvas L1 saem dos ovos e penetram na pele íntegra dos animais, originando a miíase furuncular. A dinâmica de distribuição do berne é binomial negativa, ou seja, poucos animais são muito infestados. Essa informação é importante para saber como realizar o controle, sendo que este deve ser realizado principalmente sobre os vetores: mosca dos chifres (Haematobia irritans) e mosca doméstica (Musca domestica). Controlando esses parasitos impede-se a penetração da larva L1 do berne na pele do animal (LEITE et al., 2010).

Além do controle dos vetores, que deve ser realizado principalmente com produtos de efeito por contato e ação repelente, o tratamento dos animais que já se apresentam infestados também deve ser realizado com produtos de efeito por contato, como por exemplo, Colosso Pour On, Colosso FC30 ou Superhion. Uma forma de auxiliar tanto no controle quanto no tratamento do berne é utilizando ivermectina injetável, ressaltando-se que esta tem caráter auxiliar no controle do berne, não devendo ser depositada apenas nela o tratamento/controle das infestações.

Um bom protocolo de controle de berne deve ser iniciado previamente ao período das altas infestações por moscas que servem de vetores, o que ocorre normalmente antes e após o período mais chuvoso. Os produtos mais indicados para o protocolo são Superhion, Colosso e Colosso FC30, os intervalos de aplicação e o momento de uso irão depender das condições climáticas e do histórico de desafio de cada propriedade.

REFERÊNCIA

GRISI, L.; LEITE, R. C.; MARTINS, J. R. S.; BARROS, T. M.; ANDREOTTI, R.; CANÇADO, P. H. D.; LÉON, A. A. P.; PEREIRA, J. B.; VILELA, H. S. Ressessment of the potential economic impacto f cattle parasites in Brazil. Braz. J. Vet. Parasitol. Jaboticabal, v. 23, n. 2, p. 150-156, abr-jun. 2014.

Leite, R. C. et al. Controle de ectoparasitos em bovinocultura de corte. In: Alexandre Vaz Pires. (Org.). Bovinocultura de corte. 1ªed. Piracicaba: FEALQ, v. 2, p. 1149-1169, 2010.

Taylor, M. A. et al. Ectoparasitos facultativos e vetores artrópodes. In: TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L Parasitologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 571-634, 2010.

 

SOBRE OS AUTORES

Marcel Onizuka é médico-veterinário formado pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e mestre em parasitologia pelo CPPAR/FCAV/Unesp Jaboticabal.

Rodrigo Prandini Reis é graduando do 9º semestre em medicina-veterinária na FMVZ/UNESP campus Botucatu.

 

Marcel Onizuka, especialista técnico em saúde animal, e Rodrigo Prandini, estagiário no departamento Técnico da Ourofino Saúde Animal

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Comentários

Denis Cardoso

Domingo, 23 de Janeiro de 2022

Gostaria de saber de quanto em quanto tempo devo pulverizar o gado com infestação de berne, até a regularização e depois qual poderia ser uma periodicidade adequada para prevenção. Que produtos de pulverização, injetável e que possa ser ingerido vocês recomendam e qual a periodicidade. Obrigado.

Ourofino Saúde Animal

Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2022

Oi Denis,

Obrigada pelo seu contato e por compartilhar sua dúvida comigo.

Vamos lá:

Infestação por bernes: Pulverização x Tempo? Uma única pulverização com Colosso FC 30 ou Colosso Pulv é eficaz por pelo menos 14 dias para os bernes que já estão alojados no couro dos animais. Eficácias superiores dependem do grau de infestação por outros tipos de moscas, uma vez que a mosca do berne (Dermatobia hominis) não vem até o animal para ovipor, mas captura outras moscas que transportarão seus ovos/larvas. Se a fazenda estiver com alta infestação de moscas, logo teremos mais ovos/larvas de bernes sendo transportadas para os animais. É importante lembrar que as moscas, inclusive a do berne sofrem influência da sazonalidade do clima, havendo períodos de diapausa (baixas infestações) e altas infestações.
Nos períodos de diapausa temos um período mais prolongado para animais livres de berne, por isso devemos sempre fazer o controle estratégico, antecipando as infestações utilizando endectocidas como Master LP e produtos de ação sistêmica, como Superhion, já nos períodos de maior infestação manteremos o Master LP associado a produtos de contato, como Colosso Pulv, Colosso FC 30 e Colosso Pour On, sendo necessária repetições de tratamentos como frequência relativa ao período de infestação. A periodicidade dependerá do tempo de ação de cada produto
Pelo menos 14 dias para os produtos de contato, sendo necessário repetições de tratamentos conforme a necessidade até a próxima diapausa
Até 120 dias para produtos concentrados de longa ação associados aos produtos de contato, sendo necessário repetições de tratamentos conforme a necessidade até a próxima diapausa – são ideais para o controle estratégico (preventivo)
Superhion: além de ser uma excelente opção no controle estratégico associado aos endectocidas como Master LP, ele oferece tempo de ação superior aos produtos de contato
É importante o uso de Brinco Mosquicida Na Mosca para prevenir que as moscas-dos-chifres sejam os “vetores” (for éticos) das larvas de berne.

Para qualquer outra informação, converse com a gente gratuitamente pelo 0800 941 2000, de segunda a sexta-feira, exceto feriados, das 8h às 17h.


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