
03 ago 2015
Acidose ruminal subaguda: uma doença silenciosa com grande impacto produtivo nas vacas
Com o avanço da tecnificação na maioria das propriedades leiteiras brasileiras, a nutrição dos animais tem se tornado cada vez mais fundamental para obtenção de melhores desempenhos zootécnicos.
Nessa época do ano, com a escassez das pastagens, nosso amigo produtor é forçado a fechar suas vacas e alimentá-las exclusivamente nos cochos para manter sua produtividade. Fornece uma fonte de volumoso, principalmente silagem de milho e complementa a refeição com concentrados ou rações de alto valor nutricional, para alimentar assim sua máquina de fazer dinheiro: a vaca.
As dietas energéticas são fundamentais para obtenção de uma maior produtividade de leite, no entanto, com o aumento da ingestão de carboidratos, o risco de surgimento de doenças começa a rondar seu rebanho e, dentre elas, a acidose ruminal subaguda (SARA) é comum.
Essa doença é caracterizada por uma alta fermentação dos grãos dentro do rúmen, resultando na produção excessiva de ácidos e com a queda do pH do suco ruminal abaixo de 5,8.
Os sinais clínicos apresentados pelos bovinos com SARA são variáveis, porém, dependendo da intensidade do quadro, pode aparecer cerca de 12 a 36 horas pós-ingestão de carboidratos. Em um quadro leve, no qual a quantidade de ácido produzido no rúmen é pequena, os animais deixam de comer por um ou dois dias, voltando a se alimentar em seguida. Contudo, ocorre uma perda de 2 a 4 kg de peso vivo. Porém, em um quadro mais acentuado, os bovinos apresentam sinais clínicos entre 8 a 16 horas, como: prostração e anorexia, apatia, letargia, estase ruminal, diarreia, taquicardia e taquipnéia, desidratação, evoluindo para o coma e morte em casos severos. Caso o animal sobreviva, o mesmo pode perder até 15 kg de peso vivo, mas restabelece o apetite 4 a 5 dias após o início do quadro. A SARA pode ainda causar prejuízos em 20% a 30% dos animais curados, com o desenvolvimento de laminite (inflamação na parede dos cascos), que leva ao crescimento anormal das unhas e manqueira, e o desenvolvimento de inflamação na parede ruminal devido à corrosão ácida na porção ventral deste órgão e, conseqüentemente quadros de abscessos hepáticos, que diminui a produção de leite e piora a conversão alimentar.
Estima-se que os animais que sofrem deste mal tenham redução na produção de leite, com queda de desempenho de aproximadamente até 2 litros/vaca/dia e inversão na relação gordura/proteína no leite. Ainda, existe a morte das bactérias ruminais, responsáveis por parte da digestibilidade dos alimentos.
Por se tratar de uma doença nutricional, grande parte do rebanho é acometido e com isso o tratamento torna-se difícil. O ponto chave da SARA é a sua prevenção. Seguem algumas medidas profiláticas: fazer adaptação prévia dos animais que irão receber dietas ricas em concentrados; não oferecer ração à parte, pois sabe-se que os animais preferem concentrados à volumosos; fornecer dietas mais que uma vez ao dia e ficar atento ao tamanho do volumoso, sendo este no mínimo de 5mm.
O uso de probióticos nas dietas tem sido frequente no Brasil, já que controla a produção de ácidos e evitam quadros de acidose ruminal. Além disso, existe uma maior degradabilidade dos alimentos, com maior aproveitamento da dieta oferecida às vacas e, consequentemente, espera-se uma maior produção de leite. Estas vantagens se associam à relação custo benefício que os probióticos oferecem, pois evitam acidose ruminal e por outro lado melhora a digestibilidade dos alimentos, resultando na obtenção de lucro da sua porteira para dentro.
Foto: Thales Vechiato
(Foto de destaque: Marcus Rezende)
Thales Vechiato
Especialista Técnico Ourofino Saúde Animal
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