02 abr 2013

Tristeza Parasitária Bovina

Tristezinha, mal da boca branca, amarelão, piroplasmose são alguns dos nomes dados à Tristeza Parasitária Bovina (TPB), uma doença causada por protozoários do gênero Babesia e rickettsias do gênero Anaplasma e que causam sérios prejuízos ao pecuarista brasileiro. Dentre os hemoparasitas de maior importância na transmissão da Tristeza Parasitária Bovina (TPB) na América do Sul, a Babesia bigemina, a Babesia bovis, a rickettsia Anaplasma marginale são de maior ocorrência na transmissão da doença. A babesiose é transmitida pela picada de carrapatos ixodídeos do gênero Rhipicephalus (Boophilus) microplus, e de forma mecânica por transfusões de sangue contaminado. O período de incubação da babesiose varia de 7 a 14 dias, podendo variar para mais ou para menos, dependendo da quantidade de hemoparasitas e da sensibilidade do animal (KESSLER e SCHENK, 1998). Na anaplasmose os carrapatos, mesmo sendo considerados como principais transmissores, seu mecanismo de transmissão ainda não é bem compreendido. A transmissão para o bovino, normalmente ocorre de estágio para estágio, sendo que os carrapatos machos, por serem mais móveis e viverem mais tempo sobre o animal, são considerados mais importantes na transmissão da anaplasmose. O período de incubação da anaplasmose por Anaplasma marginale é de 21 a 35 dias, concorrendo com a manifestação de sintomas clínicos, esse período pode variar, de acordo com a quantidade de parasitas inoculados e sensibilidade do animal (KESSLER e SCHENK, 1998). No Brasil, são endêmicas na maior parte do país onde existem criações de bovinos. No sul do país encontram áreas livres, no extremo sul do estado do Rio Grande do Sul. E no nordeste devido à seca, se tem áreas de instabilidade, nas demais áreas do país devido às condições climáticas favoráveis ao ciclo de vida do carrapato bovino é de estabilidade endêmica. Bovinos nascidos em regiões livres de carrapatos são sensíveis a TPB. O mesmo acorre com bezerros nascidos no período em que não há carrapatos, sendo assim ao perderem a proteção das imunoglobulinas colostrais ficarão totalmente sensíveis à infecção. Ocorrem também casos de baixa gravidade até os 4 meses de idade, os bezerros sendo reinfectados repetidamente, neste período, adquirem a imunidade ativa que garantirá sua proteção contra a TPB durante a vida adulta. O diagnóstico da doença é baseado no histórico dos animais e da propriedade, e na observação dos sinais clínicos. Animais introduzidos em rebanhos de áreas livres de carrapatos são mais propensos a adquirirem infecção por TPB quando tem o primeiro contato com carrapatos. A apresentação dos sinais clínicos pode ocorrer entre 7 a 14 dias após o contato com o carrapato. Os animais de raças taurinas (europeus) são mais susceptíveis a doença que os zebuínos (KESSLER e SCHENK, 1998). Alterações na dieta, transporte e manejo são fatores comuns e que podem predispor à doença. É comum observar a ocorrência de bezerros após a desmama de bezerros leiteiros ou após a mochação e por isso tanto o técnico, quanto o produtor devem estar atentos a quaisquer alteração de comportamento dos animais após estes manejos. Dentre os sinais clínicos pode-se observar: febre (41ºC), anorexia, depressão, fraqueza, parada da ruminação, icterícia, emaciação, pelos arrepiados, anemia hemolítica com hemoglobinúria, mucosas pálidas ou levemente amareladas, aumento da frequência cardíaca e respiratória, são sugestivos de TPB (RADOSTITIS e BLOOD, 1991). No entanto nos casos de infecção em que o agente etiológico é Babesia bovis, a doença se manifesta de forma aguda ou super aguda o animal pode morrer em poucas horas após o aparecimento dos sinais. Entretanto, dentre outras características esse hemoparasito, provoca alteração na morfologia nas hemácias, sendo assim estas se acumulam nos capilares dos órgãos viscerais, dificultando a circulação e consequentemente a oxigenação de vários órgãos e o cérebro fica comprometida provocando sintomas neurológicos (RADOSTITIS e BLOOD, 1991). O controle se baseia no controle do carrapato bovino (Rhipicephalus Boophilus microplus), que é o principal vetor da doença. O seu controle deve ser feito de modo a impedir elevadas cargas parasitárias nos animais, principalmente às categorias mais sensíveis (bezerros na desmama). Um pequeno nível de parasitismo (até 5 carrapatos por animal) é desejável pois permite a indução da resistência imunológica do animal à TPB. Para diminuir perdas com a TPB, o tratamento deve ser iniciado imediatamente à identificação dos sinais clínicos. Para o tratamento das babésias, o diminazeno deverá ser utilizado. Já para as anaplasmoses, a oxitetraciclina é a melhor opção. Como o diagnóstico diferencial é sempre mais difícil, o produtor e o técnico tem a opção de fazer o tratamento combinado, até porque a TPB pode acontecer pela ação conjunta de ambos protozoários. Sugestões de tratamento:Ourotetra Plus LA® - 1mL/10Kg de peso vivo, via intramuscular + Pirofort®  - 1mL/20Kg de peso vivo, via intramuscular. Normalmente o tratamento tem sucesso com uma única dose, mas em casos mais severos poderá haver a necessidade de repetir o tratamento 3 dias após a primeira dose. Terapia de suporte – por meio de antitóxicos e/ou vitaminas do complexo B (Fortemil®) também é muito bem vinda para o sucesso no tratamento e deverá ser estendida por 3 dias consecutivos.  REFERÊNCIAS: KESSLER, R.H. e SCHENK, M.A.M. Carrapato, tristeza parasitária e tripanossomose dos bovinos. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1998. 157p. RADOSTITS, O.M. e BLOOD, D.C., Clínica Veterinária. Guanabara Koogan, 7ed. Rio de Janeiro, RJ. 1991. 1263p. Por Luis Antonio Marinelli  

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