Artigos - Avaliação da qualidade da mão-de-obra ligada à inseminação artificial

26 out 2017

Avaliação da qualidade da mão-de-obra ligada à inseminação artificial

A bovinocultura de corte e de leite é de fundamental importância para o setor agropecuário brasileiro, tendo em vista sua participação na formação da renda e na geração de emprego. Proporciona o desenvolvimento de dois segmentos lucrativos (carne e leite) e com o valor bruto da produção estimado em R$ 67 bilhões/ano, aliado à presença da atividade em todos os estados brasileiros, a pecuária brasileira destaca-se por possuir uma grande importância econômica e social em nosso país (MAPA, 2011). De acordo com a Coordenação Geral de Planejamento Estratégico, da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE), do Ministério da Agricultura, a produção de carne bovina, suína e de frango deverá aumentar em 12,6 milhões de toneladas até 2018/2019. Tal aumento representa um acréscimo de 51% em relação à produção de carnes de 2008, sendo uma de suas justificativas os investimentos em genética através das biotécnicas da reprodução (MAPA, 2016). 

Biotécnicas de reprodução

Os índices reprodutivos da pecuária brasileira ainda estão aquém do desejado, são observados altos intervalos entre partos (IEP), baixas taxas de serviço (TS) e de concepção (TC), gerando interferência direta na taxa de prenhez do rebanho. Atualmente, o país tem um desempenho reprodutivo próximo a 65%, ou seja, para cada 100 fêmeas em idade reprodutiva, nascem por ano aproximadamente 65 bezerros (0,65 bezerros/vaca/ano; ANUALPEC, 2011). Tendo em vista transpor tais obstáculos, houve o surgimento da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Esta técnica permite a massificação da IA, por não depender da observação de cio e abranger grande número de animais inseminados em um mesmo dia. Através dela é possível programar o nascimento das crias, trabalhar com estações reprodutivas curtas, padronizar lotes de bezerros e aperfeiçoar a mão-de-obra na fazenda (SEVERO, 2015).

Situação atual da mão-de-obra a campo

Os resultados da Inseminação Artificial são tão interessantes quanto da monta natural (ARAÚJO et al., 2012). Entretanto, para que os resultados possam ser garantidos é fundamental a boa capacitação da mão-de-obra. Inseminadores e técnicos devem aprender a realizar este método da forma correta, sem alterações da técnica. Desta forma, a produtividade apresentará os números esperados (PETERS et al., 1984). A falta de pessoal capacitado é considerada um dos fatores limitantes para a expansão da Inseminação Artificial no Brasil (Pimentel & Freire, 1991). Dada a importância da escolaridade básica para garantir bons níveis de aprendizado, nota-se nesse elemento um ponto crítico à formação de mão-de-obra especializada.

Tríade “trabalhador rural, biotecnologias da reprodução e propriedade”

O maior desafio em incorporar essas biotecnologias, de forma racional, nos sistemas de produção animal é a utilização de uma mão-de-obra capacitada (ALVAREZ, 2014). Então, é necessário que os trabalhadores rurais sejam cada vez mais treinados para que a bovinocultura possa atingir maiores números a cada ano. Além de todos os fatores apontados, a propriedade ou empresa deve valorizar e aplicar um sistema de gestão estruturado, que contempla incluir os peões e demais colaboradores no estabelecimento de indicadores, metas, planos de ação e controle sistemático. As recompensas ou premiações por desempenho são importantes ferramentas da gestão de recursos humanos, podendo atuar como uma forma de condicionamento, obtida por meio de reforços positivos (BERGAMINI & CODA, 1997). A revisão de Russi et al. (2009) demonstra o quanto os aspectos da gestão de recursos humanos, como a atenção à qualidade de vida e autoestima destes profissionais podem influenciar nos bons resultados destes inseminadores.

Schermerhorn et al. (1986) verificaram que as propriedades que utilizavam inseminadores próprios apresentavam maior intervalo entre partos do que aquelas utilizando inseminadores profissionais. Um estudo desenvolvido por Fernandes Jr. (2001) demonstrou que as variáveis, habilidade, curso de IA e reciclagens geram diferenças significativas entre os inseminadores, medidas pelas taxas de prenhez. Portanto, inseminadores capacitados por cursos são, de fato, mais eficazes em suas tarefas. A revisão periódica de todo o processo de IA, buscando a atualização e adoção de práticas mais modernas contribuem para o desenvolvimento do trabalho na propriedade, uma vez que aumentam a habilidade e a autoconfiança do inseminador. Um estudo realizado por Russi (2008) observou que em programas de IATF em bovinos de corte, inseminadores que não acreditavam na eficiência de tal técnica obtiveram taxas de gestação inferiores àquelas dos que acreditavam.

Assim, pensando sempre no futuro, e na contribuição para o mercado de saúde animal, a Ourofino dispõe de uma estrutura completa para formar inseminadores e capacitar técnicos na área de ultrassonografia e IATF (veja nas fotos), tornando-se um dos principais Centros de Capacitação de mão-de-obra no Brasil.

Alojamentos

 

Centro de Manejo de Inseminação

 

REFERÊNCIAS

ABIEC, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRAS DAS INDUSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE. 2016. Perfil da Pecuária no Brasil Relatório Anual 2016. Disponível em <http://www.assessoriaagropecuaria.com.br/anexo/88> Acessado em: 23/11/2016 

ALBUQUERQUE, C. 2000. Método SOMA: capacitação de agricultores, educação sanitária e ambiental. 2. ed. Goiânia: Bandeirante. 240 p.

ALBUQUERQUE, C.; SOUTO, R. F.; LEMES, C. P. & J. L. P. MENEGUCI. 2008. O uso do método SOMA na avaliação de cursos de capacitação. Revistade Política Agrícola. n.2, p. 87.

ALVAREZ, R. H. 2014. Reprodução Animal e Biotecnologia. Pesquisa & Tecnologia. vol. 11, n. 1.

ALVES DE OLIVEIRA, P. H. & L. JOSAHKIAN. 2012. A evolução da venda de sêmen no brasil nos últimos 20 anos.Cadernos de Pós-Graduação da FAZU,

ANUALPEC, ANUÁRIO DA PECUÁRIA BRASILEIRA. 2011. Disponível em: <http://www.anualpec.com.br> Acessado em: 20/09/2016

ARAÚJO, E. P.; LEITE, E. B.; ALBERTI, X. R. & POLIZER, B. L. 2012. Comparativo financeiro entre a inseminação artificial e a monta natural nabovinocultura de corte, na fazenda três corações, em alta floresta – MT. REFAF Revista Eletrônica, v. 1, n. 1.

BERGAMINI, C. W. & R. CODA. 1997. Psicodinâmica da vida organizacional. 2.ed. São Paulo: Atlas.

BOF, A. M. 2006. A educação no Brasil rural. INEP.236p. 46

BONADONNA, T. 1937. Le Basi Scientifiche a Le Possibilitá Applicative de La Fecondazzione Artificiale Negli Animale Domestici. vol. I, Editora Giulio Banini, Bréscia, Itália.

FERNANDES JR, J. A. 2001. Inseminação artificial em gado de corte: impacto da equipe de inseminadores nos resultados obtidos. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, 87f. 

IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 2010. Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br> Acessado em: 27/10/2016

MAPA, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. 2011. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br> Acessado em: 28/10/2016

MAPA, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. 2016. Produção. Disponível em:

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PETERS, J. L.; SENGER, P. L.; ROSENBERGER, J. L. & M. L. O'CONNOR. 1984. Radiographic evaluation of bovine artificial inseminating technique amongprofessional and herdsman-inseminators using .5- and .25-ml French straws.Journal of Animal Science. v. 59, n. 6, p. 1671 – 1683.  

PIMENTEL, C. A. & C. R. FREIRE. 1991. Viabilidade técnica e econômica dainseminação artificial com sincronização de cioem gado de corte. RevistaBrasileira de Reprodução Animal, v.15, p.25-40

RUSSI, L. S. 2008. Recursos humanos na inseminação artificial em bovinos de corte. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campo Grande, 74f.

RUSSI, L. S.; COSTA-E-SILVA, E. V. & C. E. S. ZÚCCARI. 2009. Importância da capacitação de recursos humanos em programas de inseminação artificial. Revista Brasileira de Reprodução Animal. v.33, p. 20-25.

SCHERMERHORN, E. C.; FOOTE, R. H.; NEWMAN, S. K. & R. D. SMITH. 1986. Reproductive practices and results in dairies using owner or professionalinseminators. Journal of Dairy Science, v.69, p.1673-1685.

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SEVERO, N. C. 2015. História da inseminação artificial no Brasil. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.39, n.1, p.17-21.

YOSHIDA, M. 2000. Conservation of sperms: current status and new trends. Animal Reproduction Science, v. 60-61, p. 349-355.

Rafael Rodrigues Correa, especialista técnico, e Giovana Roza Luiz Alonso, estagiária do departamento Técnico da Ourofino Saúde Animal

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