Artigos - Impactos das endometrites na eficiência reprodutiva de vacas leiteiras

10 jan 2017

Impactos das endometrites na eficiência reprodutiva de vacas leiteiras

Infecções uterinas como metrites e endometrites são responsáveis por importantes reduções na rentabilidade dos rebanhos leiteiros. Essas enfermidades acarretam reflexos reprodutivos e produtivos, podendo promover aumento no intervalo entre partos, número de serviços por concepção, taxa de descarte e redução na produção de leite (Fourichon et al., 2000; Drillich et al., 2005). Diante desse cenário é importante compreender os mecanismos envolvidos no desenvolvimento dessas patologias e a forma mais eficiente de tratamento.

A contaminação uterina ocorre frequentemente no momento do parto ou nos dias subsequentes (puerpério). Isso é inevitável devido ao comprometimento de barreiras físicas e da redução da função imune, sendo comum que 80 a 100% dos animais apresentem bactérias no lúmen uterino nas primeiras duas semanas após o parto (Sheldon et al., 2006). No entanto, os agentes devem ser eliminados durante o processo de involução natural do útero. Caso não aconteça, o ambiente uterino é comprometido, resultando no estabelecimento de diferentes quadros de infecções uterinas.

Nesse contexto, muitas fêmeas são capazes de driblar os efeitos dos agentes bacterianos, mas pelo menos 20% acabam desenvolvendo infecção cerca de 20 dias após o parto (Walsh et al., 2011). Essa enfermidade não afeta apenas o útero da fêmea, é capaz também de alterar a função ovariana, do hipotálamo e da hipófise. Além do comprometimento do bem-estar, as infecções uterinas podem levar ao desenvolvimento de subfertilidade ou infertilidade dos animais (Sheldon e Dobson, 2004; Sheldon et al., 2009).

Endometrites são inflamações que envolvem apenas o endométrio uterino sem desencadear sinais clínicos sistêmicos e podem ser classificadas como clínica ou subclínica. A endometrite clínica é caracterizada pela presença de conteúdo uterino purulento ou mucopurulento detectável na vagina 21 dias após o parto. Já na endometrite subclínica não são verificados sinais clínicos, sendo necessário realizar citologia uterina para verificar as alterações celulares no endométrio (Sheldon et al., 2008).

Tratando-se do desempenho reprodutivo, endometrites estão associadas à subfertilidade e à infertilidade das fêmeas. Estudos sugerem que vacas com endometrite clínica apresentam atraso na retomada da ciclicidade ovariana após o parto (Opsomer et al., 2000). Fourichon et al. (2000) verificaram que a endometrite aumenta os dias abertos em até 15 dias e reduz o risco de prenhez em até 150 dias após o parto. Dados na literatura mostram que as inflamações subclínicas também são capazes de interferir no desenvolvimento embrionário (Hill et al., 2008), reduzir a capacidade de fertilização (Cerri et al., 2009), refletindo diretamente nas taxas de prenhez e no intervalo entre partos (Kasimanickam et al., 2004; Gilbert et al., 2005; Rutigliano et al., 2008).

A produtividade das propriedades leiteiras está diretamente associada à eficiência reprodutiva do rebanho. Diante disso, é extremamente importante que o endométrio esteja saudável para estabelecer e suportar uma gestação. Para isso, protocolos de tratamento efetivos devem ser utilizados.

Os prejuízos ocasionados pelas infecções uterinas podem ser minimizados através da utilização das soluções de tratamentos Maxicam 2% e Lactofur da Ourofino Saúde Animal.

 

 

Referências

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KASIMANICKAM, R, DUFFIELD T, FOSTER R, GARTLEY C, LESLIE K, WALTON J, et al. Endometrial cytology and ultrasonography for the detection of subclinical endometritis in postpartum dairy cows. Theriogenology 2004;62:9–23.

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WALSH, S. W.; WILLIAMS, E. J.; EVANS, A. C. O. A review of the causes of poor fertility in high milk producing dairy cows. Animal Reproduction Science 123, 127-138. 2011

 

Sobre os autores

Gabriela Dalmaso de Melo é graduanda do 5º ano de Medicina Veterinária pela Unesp, campus de Jaboticabal (SP).

Bruna Martins Guerreiro é médica-veterinária formada pela UNESP, campus de Jaboticabal e mestre em Reprodução Animal pela Universidade de São Paulo FMVZ/USP.

Bruno Gonzalez de Freitas é médico-veterinário formado pela FMVZ/USP e mestre em reprodução animal pelo departamento de Reprodução Animal da FMVZ/USP.

Gabriela Dalmaso, estagiária do departamento Técnico; Bruna Martins Guerreiro, especialista técnica em Saúde Animal; e Bruno Gonzalez de Freitas, especialista técnico em Reprodução Animal

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