Artigos - A estratégia para o controle do carrapato do boi

16 nov 2016

A estratégia para o controle do carrapato do boi

Novembro chegou e com ele, as chuvas começaram a se intensificar nas diferentes regiões do Brasil, principalmente no setor denominado de Brasil central, local em que é produzida a maior quantidade de gado de corte do país (IBGE, 2016). Junto com as chuvas, a temperatura ambiental também começa a se elevar, e a junção do aumento da umidade do ambiente e da temperatura elevada geram condições ideais para a sobrevivência dos parasitas no ambiente.

Entre os parasitas que se adaptam bem ao clima quente e úmido, destaca-se o Rhipicephalus microplus, popularmente chamado de carrapato do boi. Este pequeno artrópode tem características bastante interessantes, como o ciclo de vida direto, ou seja, não precisa de um hospedeiro intermediário para parasitar um bovino. Ele sobe no animal quando o mesmo entra em contato com uma touceira infestada, e após subir no animal, tem um ciclo chamado monóxeno. Isso significa que o carrapato precisa de apenas um hospedeiro para completar seu ciclo, então após subir no animal ele só desce após a sua morte, com exceção da fêmea que pode cair naturalmente para fazer ovipostura. Além disso, seu hábito alimentar é a hematofagia (Taylor et al., 2010).

As características do ciclo parasitário, assim como do hábito alimentar, estão diretamente relacionadas à forma com que o carrapato do boi pode provocar prejuízos. Por ser um parasita externo e picar o animal para sugar o sangue, ele também gera o estresse, que acaba resultando em perda de peso. Outra forma de prejuízo é a transmissão de protozoários como Babesia e Anaplasma, os agentes etiológicos responsáveis pelo complexo da Tristeza Parasitária Bovina (Leite et al., 2010).

O ciclo do carrapato é relativamente simples e pode ser dividido em duas fases: fase de vida livre, que é o período em que a larva está no ambiente; e fase de vida parasitária, que é o período que se inicia quando a larva sobe no animal e se desenvolve em ninfa e posteriormente adulto. A duração do ciclo pode variar de 14 a 21 dias, e isso varia conforme as condições climáticas. Ao longo do ano os ciclos se repetem com maior intensidade no período quente e úmido e são mais espaçados quando o clima está frio e seco. Cada período entre a ocorrência dos ciclos é chamada de geração parasitária. A primeira geração acontece entre a primavera e verão e a quarta, a última dentro do mesmo ano, acontece entre o outono e inverno. Em ordem de infestação ambiental, a segunda e a terceira geração são as que têm a maior quantidade de parasitos no ambiente (Leite et al., 2010).

Para controlar as infestações pelo carrapato do boi é preciso conhecer bem o ciclo do carrapato e as gerações parasitárias. Porém, apenas isso não é o suficiente para controlar o parasito. Atualmente, a intervenção com medicamentos carrapaticidas é fundamental para manter o binômio parasito X hospedeiro em equilíbrio. As recomendações atuais para iniciar os tratamentos são no momento em que ocorre a primeira geração, já que é o momento em que população está em menor quantidade e a probabilidade de reduzir as populações seguintes é maior (Martins et al., 2005).

Uma das ferramentas mais eficazes da atualidade para controlar as infestações por carrapatos é o Superhion, uma combinação de fluazuron 3% com fipronil 1% que possui efeito carrapaticida por ação de contato e sistêmico. A ação dos dois princípios ativos simultaneamente se sobressai às formulações convencionais que possuem apenas um dos princípios ativos, se mostrando, assim, uma alternativa também para os casos de controle de cepas resistentes. Os intervalos de tratamento podem variar conforme o desafio de cada local, e recomenda-se intervalo de aplicações em no máximo 63 dias.

Referências Bibliográficas

Leite, R. C. et al. Controle de ectoparasitos em bovinocultura de corte. In: Alexandre Vaz Pires. (Org.). Bovinocultura de corte. 1ªed. Piracicaba: FEALQ, v. 2, p. 1149-1169, 2010.

Martins, J. R. S.; Furlong, J.; Prata, M. C. A. Carrapato: problemas e soluções. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2005. 65 p.

TAYLOR, M. A.; COOP, R. L.; WALL, R. L Parasitologia Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 571-634, 2010.

 

Gabriela Dalmaso, estagiária do departamento técnico, e Marcel Onizuka, especialista técnico na Ourofino Saúde Animal

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Comentários

Antônio Melo de Oliveira

Sábado, 10 de Fevereiro de 2024

Aumentar o conhecimento e compartilhar o mesmo é dever dos humanos...

Ourofino Saúde Animal

Quarta-feira, 21 de Fevereiro de 2024

Oi Antônio,

É isso mesmo =)

Conte sempre com a Ourofino para aumentar o seu conhecimento.


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