17 out 2014
Uso de benzoato ou cipionato de estradiol como indutores de ovulação em protocolos de IATF
O estradiol é um hormônio esteroide, ou seja, faz parte de um grupo de lipídeos e estão distribuídos por todo o organismo. Em bovinos e em outras espécies é sintetizado principalmente nos folículos dominantes nos ovários, mas outros tecidos também podem produzi-lo como, por exemplo, a placenta, o córtex adrenal, testículos, cérebro e outros. Os estrógenos possuem diversas funções na fisiologia reprodutiva como expressão de cio, características sexuais secundárias, indução da liberação do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) e do hormônio luteinizante (LH). Ainda, acumulam-se no tecido adiposo, são metabolizados no fígado e eliminados principalmente pela urina.
O estradiol e seus ésteres, como são chamados os compostos, são frequentemente empregados para promover o controle farmacológico do ciclo estral, uma vez que na ausência de progesterona sua administração pode estimular a liberação de GnRH e LH e causar a ovulação do folículo dominante (Moenter et al., 1990). Dentre os principais ésteres utilizados em programas reprodutivos de fêmeas bovinas temos o benzoato de estradiol (BE) e o cipionato de estradiol (CE) que além de eficientes têm baixo custo. Porém, ambos são diferentes quanto a sua utilização, pois possuem meias-vidas distintas.
Neste sentido, diversos estudos foram conduzidos para avaliar o tempo de ação e eficiência dos diferentes indutores, sendo que a utilização do BE 24h após a remoção do dispositivo de progesterona intravaginal, induziu o pico de LH em 16h, e as ovulações em 40h após a sua administração (Hanlon et al., 1997). Já, o uso do CE no momento da retirada do dispositivo de progesterona resultou em um pico de LH e ovulação 38 e 66h após, respectivamente (Ambrose et al., 2001). Além disso, estudos conduzidos por Crepaldi et al. (2008) revelaram que a administração do cipionato de estradiol simultânea a retirada do dispositivo de progesterona promoveu a ovulação de forma sincronizada, em cerca de 72h após seu uso, resultando em um momento semelhante ao protocolo em que se empregou o benzoato de estradiol 24h após a remoção da progesterona. No que diz respeito à eficiência destes fármacos, Sales et al. (2008) avaliaram a eficácia de diferentes fontes de CE (SincroCP® vs concorrente comercial) ou de BE (Sincrodiol® vs concorrente comercial) como indutores da ovulação em 563 vacas nelore, utilizando as fontes de CE no momento da retirada do dispositivo (D8) e os fármacos a base de BE 24 horas após remoção do implante (D9). Não foi verificada diferença estatística nas taxas de prenhez entre os grupos de tratamento (P=0,26): 56,1% (79/141) no grupo Sincrodiol®; 55,6% (80/144) no grupo BE concorrente comercial; 60,7% (82/135) no grupo SincroCP® e 68,5% (98/143) no grupo CE concorrente comercial. Assim, verificou-se que ambas as fontes de BE e de CE comportam-se de forma semelhante como indutores de ovulação em vacas submetidas aos protocolos de sincronização para IATF.
Com o uso do CE, reduzimos um dia de manejo durante o tratamento, pois a administração do cipionato é realizada juntamente com a remoção do implante intravaginal de progesterona Sincrogest® no D8 (Figura 1). O mesmo manejo pode ser adotado com o Sincrodiol® (aplicação concomitantemente à remoção do dispositivo), porém ocorre alteração no período de permanência do dispositivo Sincrogest® (Figura 2) nas fêmeas tratadas devido ao rápido tempo de ação compara ao BE. Ainda, existe a possibilidade de trabalhar com o Sincrodiol® 24 horas após a remoção do dispositivo (D9), sendo mais uma alternativa para quem busca bons resultados (Figura 3).
Em seguida seguem os esquemas ilustrativos dos protocolos de IATF com a linha Ourofino utilizando os ésteres de estradiol SINCRODIOL® e SINCROCP®.
Figura 1. Esquema ilustrativo do protocolo de IATF para vacas de corte com a linha Ourofino utilizando o SincroCP® no D8.
Figura 2. Esquema ilustrativo do protocolo de IATF para vacas de corte com a linha Ourofino utilizando o Sincrodiol® no D8.
Figura 3. Esquema ilustrativo do protocolo de IATF para vacas de corte com a linha Ourofino utilizando o Sincrodiol® no D9.
Dessa forma, concluímos que atualmente o mercado dispõe de diversos protocolos para IATF com eficiências semelhantes. Entretanto, cabe ao Médico Veterinário a escolha do protocolo, verificando as principais vantagens entre os mesmos e certificando qual a melhor estratégia a ser adotada em cada situação.
Referências:
AMBROSE, D.J.; RAJAMAHENDRAN, R.; KASTELIC, J.P.; SMALL, J.A. Synchronization of ovulation and conception rates in Holstein heifers given an intravaginal progesterone-releasing device (CIDR), and estradiol cypionate, porcine LH or gonadotropin releasing hormone. Archiv Tierzucht, v.44, p.77-79, 2001.
CREPALDI, G.A.; SALES, J.N.S.; GIROTTO, R.W. AYRES, H.; SALLA-CARDOSO, P.B.; FARIA JUNIOR, S.P.; BARUSELLI, P.S. Momento da ovulação e taxa de concepção de vacas Nelore tratadas com cipionato ou benzoato de estradiol para induzir a ovulação em protocolos de IATF. Acta Scienciae Veterinariae, v.36, p.464, 2008.
HANLON, D.W.; WILLIAMSON, N.B.; WICHTEL, J.J. et al. Ovulatory responses and plasma luteinizing hormone concentrations in dairy heifers after treatment with exogenous progesterone and estradiol benzoate. Theriogenology, v.47, n.5, p.963-75, 1997.
MOENTER, S.M; CARATY, A.; KARSCH, J.F. The estradiol - induced surge of gonadotropin-releasing hormone in the ewe. Endocrinoly, v.127, p.1375 – 1384, 1990.
SALES, J.N.S.; CREPALDI, G.A.; CARVALHO, J.B.P.; GIROTTO, R.W.; MAIO, J.RG.; RODRIGUES, M.P.; CARVALHO, C.A.B.; FERREIRA, R.M.; AYRES, H.; BARUSELLI, P.S. Momento da ovulação e taxa de concepção de vacas Nelore tratadas com diferentes fontes de cipionato ou de benzoato de estradiol para induzir a ovulação em protocolos de IATF. Acta Scienciae Veterinariae, v.36, p.486, 2008.
Crédito da imagem: Luigi Carrer Filho (Campos e Carrer - Londrina/SP)
Jean Maurício B. Pimenta
(discente Medicina Veterinária)
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Comentários
Eduardo GarciaVieira
Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019
Gostaria em saber , porque o tempo de aplicação do sincrodiol da aplicação no D8,5 até a inseminação é de 36 horas e quando usado no D9 até a inseminação é de 24 horas
Ourofino Saúde Animal
Segunda-feira, 18 de Novembro de 2019
Olá Eduardo,
Essa diferença se dá pois quando aplicamos o Sincrodiol no D8,5 ele é realizado em conjunto com a retirada do dispositivo intravaginal, portanto temos que ajustar a IATF para 36-40 horas após a retirada;
Já quando fazemos ele no D9, ou seja, um dia após a retirada do dispositivo, a IATF é ajustada para 24 horas após a aplicação do Sincrodiol (o que corresponde a 48 horas após a retirada do dispositivo).