Artigos - É possível realizar o protocolo de aleitamento em novilhas atrasadas?

06 jun 2017

É possível realizar o protocolo de aleitamento em novilhas atrasadas?

O manejo reprodutivo das novilhas de uma propriedade voltada à produção de leite é fundamental para se atingir a máxima eficiência produtiva. O investimento em genética de qualidade, bem como o acompanhamento do médico-veterinário para definir quais serão as futuras produtoras de leite da fazenda se torna indispensável nos sistemas produtivos lucrativos.

 

Ainda, alguns critérios como idade, peso e condição corporal são utilizados como pontos de corte para liberar a fêmea para a reprodução e, a partir do momento no qual essas novilhas atingem os parâmetros adequados, torna-se necessário emprenhá-las com a maior rapidez possível. Desta maneira, evita-se que o animal fique ocioso por mais tempo que o necessário.

 

Entretanto, não são raros os casos nos quais novilhas que já atingiram o peso alvo e não possuem qualquer problema reprodutivo detectável permanecem vazias. Neste ponto, o produtor possui três alternativas: descartar a novilha; manter a novilha no programa reprodutivo; induzir a lactação da novilha e mantê-la no programa reprodutivo.

 

A terceira opção vem se tornando atraente, principalmente se utilizada de maneira estratégica (em fêmeas sadias e com genética de qualidade), pois permite que a novilha já inicie sua vida produtiva mesmo enquanto ainda estão sendo realizadas tentativas para emprenhá-la.

 

Mas o protocolo de aleitamento funciona nessa categoria animal?

 

De acordo com um estudo recente, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (Rodolfo Mingoti e colaboradores, do grupo de pesquisa do professor Pietro Sampaio Baruselli) em parceria com médicos-veterinários, a resposta é sim.

 

Os pesquisadores avaliaram a resposta e a fertilidade de 150 novilhas meio-sangue (Jersey x HPB) submetidas ao protocolo de indução à lactação e verificaram que 86,6% delas iniciaram a produção de leite. Ainda, essas novilhas apresentaram taxa de prenhez de 76,1% após serem submetidas a três protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) consecutivos (Figura 1), demonstrando dois benefícios da implantação estratégica do aleitamento em novilhas atrasadas: antecipação da produção de leite e redução do descarte involuntário de novilhas e retorno à vida reprodutiva, com estabelecimento precoce da gestação (76,1% de prenhez com apenas três serviços).

 

Figura 1.: Taxa de prenhez à 1ª, 2ª e 3ª IATF, realizadas em novilhas 80 dias após o protocolo de indução à lactação. Dados preliminares, Mingoti et al. – 2017.

 

A indução à lactação possibilita a retenção no rebanho das fêmeas geneticamente superiores e, consequentemente, minimiza as perdas econômicas decorrentes das falhas reprodutivas, sendo uma excelente ferramenta para reduzir o descarte involuntário de novilhas e aumentar a lucratividade da propriedade.

 

SOBRE OS AUTORES

Bruno Gonzalez de Freitas é médico-veterinário formado pela FMVZ/USP e mestre em reprodução animal pelo departamento de Reprodução Animal da FMVZ/USP.

Bruna Martins Guerreiro é médica-veterinária formada pela UNESP, campus de Jaboticabal e mestre em Reprodução Animal pela Universidade de São Paulo FMVZ/USP.

 

FOTO: IStock

Bruno Gonzalez de Freitas e Bruna Martins Guerreiro, especialistas técnicos em Reprodução Animal na Ourofino Saúde Animal

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