Artigos - Importância do controle da Coccidiose em leitões

15 fev 2016

Importância do controle da Coccidiose em leitões

A Coccidiose é uma das principais doenças que acomete leitões na fase de lactação. Porém, devido suas características clínicas, essa doença é comumente negligenciada nos sistemas de produção.

Características clínicas da Coccidiose

O motivo pelo qual a Coccidiose não é considerada tão relevante na produção está relacionado ao fato de que ela não é uma doença que acarreta desidratação severa e alta mortalidade, ao contrário de outras afecções que ocorrem também no período de lactação. Por este motivo, para outras doenças entéricas como a Clostridiose e Colibacilose, há um senso de urgência maior visando à resolução e prevenção, do que quando comparado a Coccidiose, que pode apresentar até mesmo uma forma subclínica.

Clinicamente, a principal característica da Coccidiose é a redução do ganho de peso diário dos animais, podendo afetar o ganho de peso em fases posteriores, além da diarreia pastosa que pode ou não ocorrer a partir da segunda até a quarta semana de idade. Os sinais clínicos observados são decorrentes às lesões provocadas continuamente pelo Cystoisospora suis nas células do intestino delgado, onde ocorre a sua replicação. Durante o ciclo de vida, o parasito provoca o rompimento dos enterócitos, promovendo a renovação do epitélio de modo intenso, de forma que a ocorrência da morte celular supera a capacidade de renovação epitelial, ocasionando com isso a atrofia das vilosidades. A redução do desempenho dos animais pode ser explicada pela diminuição da absorção intestinal causada pela a atrofia das vilosidades. Com isso, o leite ingerido não é completamente digerido e pode ser excretado como uma diarreia pastosa e fétida característica da doença.

A gravidade dos sinais clínicos observados depende da idade em que os animais se infectam, sendo que, quanto mais cedo houver a infecção, maior a gravidade dos sinais clínicos. Os leitões podem se infectar a partir do primeiro dia de vida e o risco de infecção perdura até o final da lactação, pois depois desse período a imunidade dos animais se desenvolve e estes tornam-se resistentes.

Forma de contaminação, prevenção e controle da Coccidiose

 A principal forma de infecção dos leitões é via ingestão de oocistos presentes no ambiente. Por serem muito resistentes, estes podem permanecer durante meses viáveis ou até anos e, isto indica que as leitegadas podem ser infectadas por oocistos remanescentes de leitegadas anteriores. Dessa forma, o maior desafio para evitar a Coccidiose está relacionado à adequada realização de procedimentos de limpeza, desinfecção e vazio sanitário no Setor de Maternidade.

Além do controle por meio de medidas de biosseguridade, que reduzem a chance de entrada e da disseminação da doença no plantel, o uso de coccidicida em leitões na primeira semana de vida tem-se mostrado a melhor forma de prevenir a doença. Dentre os coccidicidas testados, o toltrazuril vem sendo utilizado como o fármaco de eleição para a prevenção e tratamento da coccidiose. Recentemente, em um estudo comparativo entre animais controle e tratados preventivamente com toltrazuril no terceiro dia de vida, observou-se que animais tratados apresentaram maior ganho de peso durante a lactação até a saída de creche, demonstrando que o toltrazuril é eficiente para minimizar os efeitos negativos que a doença acarreta naturalmente (Tabela 1).


Médias seguidas de letras diferentes em uma mesma linha diferem estatisticamente entre si (p<0,05).

O tratamento com o toltrazuril pode acelerar o processo de cura da doença, porém, não evita que a perdas aconteçam. Isso se deve ao fato de que o dano aos enterócitos ocorre antes de aparecerem os sinais clínicos e, como visto anteriormente, o efeito da atrofia de vilosidade afeta no ganho de peso nas fases de lactação e posteriores. Sendo assim, o ideal é que o uso do toltrazuril seja sempre de forma preventiva, antes que os sinais clínicos da doença apareçam. Como a doença pode ocorrer de forma subclínica, sem que ocorra diarreia, indica-se o uso de toltrazuril de forma constante no plantel, para que não haja aumento da pressão de infecção em momentos que o produto não está sendo utilizado. Como uma solução frente ao desafio por Cystoisospora suis a Ourofino possui o Isocox Pig Doser, um produto à base de toltrazuril à 5% que deve ser administrado entre o 3º ou 4º dia de vida do leitão (Figura 1).

Figura 1. Isocox Pig Doser (toltrazuril à 5%)

 

Referências:

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Tabela 1. Avaliação do ganho de peso diário durante a lactação, peso ao desmame e peso na saída de creche de leitões tratados com toltrazuril no terceiro dia de vida e controle (Média ± Desvio Padrão).

Thais Gaggini

Especialista Técnica Aves & Suínos – Sudeste

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