05 jun 2018

Coccidiose suína: desafio antigo e o novo perfil

A coccidiose, apesar de ser uma doença conhecida na fase de lactação, muitas vezes está presente mesmo sem mostrar sinais clínicos evidentes, apresentando-se de maneira subclínica. Por este motivo, em muitos casos acaba sendo negligenciada quando comparada a outros desafios entéricos que geram um senso de urgência maior em função de levarem a quadros de desidratação e, em alguns casos, a óbito. Por sua vez, a coccidiose, quando não associada a outros agentes, causa redução de desempenho, sendo considerada como um dos desafios de maior impacto econômico na produção de suínos.

Entretanto, é importante saber que infecções por outros agentes levam ao agravamento do quadro de coccidiose, principalmente em quadros entéricos causados na primeira semana de lactação em função da presença de uma disbiose, bem como um possível comprometimento das vilosidades intestinais, fazendo com que não haja uma absorção completa do toltrazuril administrado em média no 3º dia de vida. Portanto, abrindo assim portas para infecções pelo Cystoisospora suis, e assim resultados de análises laboratoriais demonstram a presença do protozoário em um período em que o produto deveria estar protegendo.

A principal forma de infecção dos leitões é por via oral pela ingestão de oocistos presentes no ambiente. Por serem muito resistentes, podem permanecer durante meses ou até anos viáveis em matéria orgânica, restos de alimentos, entre outros, fazendo com que leitegadas possam ser infectadas por oocistos remanescentes de leitegadas anteriores.

A característica do agente, aliada à constante redução de mão de obra em granjas em função do alto custo, fez com que a coccidiose voltasse a ganhar importância, entretanto em um momento mais tardio. Isso porque, atualmente, quase todas as granjas utilizam o toltrazuril como forma de prevenção em única dose no 3º dia de vida, o que permite que os leitões fiquem imunes à coccidiose durante a ação do produto, que é em média de 6 a 8 dias.

Este alto desafio tardio observado em granjas, explica, em parte, que além de um controle pelo fornecimento preventivo do toltrazuril, há concomitantemente a necessidade de controle por meio de limpeza e desinfeção do ambiente, fazendo com que os animais não se reinfectem após o período de duração da proteção fornecida pelo produto.

Coletas realizadas em 15 granjas nos últimos 5 anos, totalizando 149 amostras de fezes analisadas, tem demonstrado um perfil similar, com a presença do Cystoisospora suis em maior proporção em fezes de leitões com idade média de 12 a 21 dias (Tabela 1), demonstrando que leitões mesmo tratados preventivamente com toltrazuril, após o efeito protetivo do medicamento se reinfectam e desenvolvem a coccidiose em função da alta pressão de infecção do ambiente.

Na tabela abaixo (Tabela 1), pode ser observado nos anos de 2014 a 2018 a ausência da coccidiose por volta da 1ª semana de vida do leitão (a partir do 5º dia de vida), o que demonstra que os leitões receberam o tratamento e que permaneceram protegidos até por volta do sétimo (7º) dia. Entretanto, observa-se um aumento expressivo do desafio de coccidiose nas 2ª e 3ª semanas de lactação. Isto corrobora com o descrito acima, demonstrando que os leitões estão se reinfectando em função de uma alta pressão de infecção ambientar.

Nestes casos uma segunda dose ao 7º dia de toltrazuril é indicada permitindo que os leitões fiquem protegidos por mais 6 a 8 dias. Isso se justifica, pois o custo do investimento feito pelo fornecimento do produto quando comparado ao prejuízo econômico que a doença traz, é por volta de 27% por leitão acometido, e então permitindo que o produtor não perca este montante. Entretanto, esta 2ª dose deve ser realizada até que a alta pressão de infecção seja amenizada através de adoção de manejos mais adequados, visando a redução do alto desafio ambiental. Granjas que apresentem um alto desafio ainda na 3ª semana também é importante que sejam revistos manejos relacionados à limpeza e à desinfecção, para que se reduza a ocorrência deste quadro.

Como uma solução frente ao desafio por Cystoisospora suis a Ourofino Saúde Animal oferece o Isocox, produto à base de toltrazuril a 5% que deve ser administrado no 3º ia de vida do leitão e com uma possível dose de reforço entre o 7º dia de vida (Figura 1).

Figura 1. Isocox (toltrazuril à 5%).

Andrea Panzardi

Especialista Técnica Aves & Suínos

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